O Carnaval é uma das festas mais esperadas do ano no Brasil. Marcado pela alegria, música e dança, ele reúne milhões de pessoas em blocos de rua, desfiles e eventos. Na nossa região, são mais comuns bailes em clubes e comemorações mais discretas, muitas vezes restritas e pequenas festas comunitárias. Independente do porte da cidade e da faixa etária das foliãs, o assédio masculino costuma ser um problema recorrente.
A grande questão envolvida é que, durante o período do carnaval, há uma quebra temporária das normas sociais que, muitas vezes, são mal interpretadas como liberdade irrestrita. A fantasia e a atmosfera de descontração abrem as portas para o excesso de liberdade, sem muitas vezes considerar o limite do respeito. O assédio é uma forma de violência psicológica.
Para a mulher poder se proteger, é essencial reconhecer os sinais de assédio. São comuns os comportamentos de olhares persistentes e invasivos. A mulher tem a sensação de estar sendo observada insistentemente, indicando que os seus limites não estão sendo respeitados. Qualquer forma de contato físico sem consentimento é uma violação do espaço pessoal, portanto, é assédio.
Impedir a ida e vinda, ou seja, bloquear a passagem da mulher e seu deslocamento ou forçar proximidade é uma forma de intimidação, portanto, é assédio!
Mulher, fique atenta, aprenda a se defender e lidar com a situação. Há várias estratégias que inibem o assédio.
Estabeleça limites claros. Um “não” firme e direto é uma mensagem clara. Não se sinta culpada por ser direta e objetiva.
Mantenha-se em grupo, preferencialmente acompanhada por amigos e pessoas da sua confiança. Essa ação desencoraja as abordagens indesejadas. Permaneça em locais que ofertam maior segurança, com maior chance de escape ou próximo aos seguranças do evento.
O assédio é crime, portanto busque ajuda das autoridades se necessário. Reúna o máximo de informações possíveis como áudios, vídeos, fotos e nome do suspeito.
É essencial confiar na sua intuição. Quando algo lhe soar errado, não ignore. Afaste-se e busque ajuda.
O respeito é a base para uma convivência saudável e segura. O assédio não é culpa da vítima, independente da sua roupa ou comportamento. A autoestima e a segurança emocional são aspectos fundamentais para enfrentar essas situações. Que o carnaval seja um tempo de alegria, respeito e liberdade para todos.
Silvana Pedro Pinto é psicóloga clínica, educacional e membro do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM). Atende adultos e crianças na Clínica Bambini. |