Era uma nota do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, ou seja, relativo ao mundo ocidental, do Departamento de Estado norte-americano, e o governo brasileiro vestiu a carapuça, como se fosse realmente para ele – e era. Mas foi uma nota de princípios, dizendo que “o respeito pela soberania é uma via de mão dupla com todos os parceiros dos EUA, incluindo o Brasil. Bloquear o acesso à informação e impor multas a empresas sediadas nos Estados Unidos por se recusarem a censurar indivíduos que lá vivem é incompatível com os valores democráticos, incluindo a liberdade de expressão”.
O governo brasileiro viu aquilo e pensou “opa, está se referindo a nós”. E fez uma nota. Consta que a nota foi escrita pelo ex-chanceler Celso Amorim, que é o assessor de Lula para assuntos internacionais e tem mais força na política externa que o ministro das Relações Exteriores, talvez mais até que o próprio Lula. O Itamaraty respondeu dizendo que estava “surpreso” com a nota dos norte-americanos. O interessante é que respondeu, e agora criou uma questão de Estado.
Parlamentares americanos querem combater a censura onde quer que ela esteja
Vamos ver no que dá essa questão toda da Rumble, que não pode entrar no Brasil porque se recusou a censurar, a bloquear a conta de Allan dos Santos em qualquer lugar do mundo – a jurisdição do ministro Alexandre de Moraes, pelo jeito, não é apenas a Flórida, onde está a sede da Rumble; é o mundo todo. A grande pergunta é: qual o prejuízo que a Rumble vem causando ao Brasil? Qual o prejuízo que Allan dos Santos causa ao Brasil? Será que o Brasil tem uma democracia tão fraquinha que uma voz dissidente, opositora ao governo, é capaz de derrubar os alicerces dessa democracia? Eu me baseio no discurso de J.D. Vance, vice-presidente dos Estados Unidos, em Munique. Ele disse que, se os europeus estão achando que vozes da rede social são capazes de derrubar a democracia, eles têm de revisar essa democracia, que está muito fraquinha.
O Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, equivalente à nossa Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, intimou todas as plataformas a relatar as exigências de censura e bloqueio por parte de governos estrangeiros. Querem saber exatamente o que aconteceu, porque um projeto de lei já aprovado por essa comissão está indo para o plenário, para bloquear a entrada nos Estados Unidos de todos os que fazem censura no mundo. Se um tribunal aqui no Brasil fizer censura, o tribunal inteiro, os juízes desse tribunal não poderão entrar nos EUA, que são o país da liberdade, sempre foram. Os Estados Unidos atraíram imigrantes de todo o mundo, gente perseguida em todo o mundo, e por isso existe a Estátua da Liberdade na entrada de Nova York, doada pelos franceses – existe uma réplica lá no Rio Sena. É um símbolo que os americanos prezam muito.
“Efeito Lula” na Petrobras: lucro bem abaixo do previsto
O lucro da Petrobras está 70% menor. Foi a manchete da Folha de S.Paulo na quinta-feira: “Lucro da Petrobras cai 70% em 2024 e atinge menos da metade do previsto”. O lucro foi de R$ 36,6 bilhões, e a estatal vai distribuir dividendos de R$ 9,1 bilhões. Que coisa! A Petrobras, lá atrás, era usada para corrupção; no governo anterior, deu lucro; ainda dá lucro, mas ele diminuiu drasticamente. Ainda se salva; não é como os Correios, que no governo anterior davam lucro e passaram a dar prejuízo. Ou como as contas públicas, que tinham superávit e passaram a ter déficit.
Por Alexandre Garcia
Editado por Marcio Antonio Campos