Esquecer alguém que nos marcou profundamente não é uma tarefa simples. Mesmo com o tempo, muitas vezes, as memórias reaparecem e trazem à tona emoções que considerávamos estarem superadas. Mas por que é tão difícil deixar para trás algumas pessoas? A resposta está na complexidade das conexões humanas e no impacto emocional que elas causam.
O cérebro humano tem uma tendência a armazenar lembranças significativas com detalhes vívidos. Isso ocorre porque emoções intensas, sejam elas boas ou ruins, reforçam as conexões neuronais.
Quando você faz uma reflexão sobre esses momentos da vida, facilmente irá se recordar de várias pessoas. Um amigo da infância, aquele, com quem você cresceu, compartilhou brincadeiras, segredos e aventuras. Mesmo que a vida tenha seguido caminhos diferentes, as lembranças permanecem vivas. Alguém que apareceu em um momento difícil e trouxe uma nova perspectiva. Pode ser um professor, um colega de trabalho ou até um desconhecido que disse algo que mudou seu dia ou sua vida.
Aquela pessoa que esteve ao seu lado em um período complicado, oferecendo ombro amigo, ajuda prática ou apenas presença.
Às vezes, encontramos pessoas com quem sentimos uma conexão imediata, como se nos conhecêssemos há muito tempo. Esses encontros, mesmo breves, deixam marcas.
Já aconteceu de você conhecer alguém durante uma viagem, compartilhar histórias e culturas diferentes e levar essa memória para sempre?
Como esquecer pessoas que nos incentivaram a sair da zona de conforto, alcançar objetivos ou superar medos? Ou mesmo, nos ensinaram algo valioso, como uma habilidade prática ou nos deram um conselho ou uma lição de vida?
Essas vivências marcam e na verdade, devem ser resgatadas da memória, uma vez que nos trazem nostalgia e bem estar. Porém, há pessoas e situações que nos causam emoções negativas. Da mesma forma, essas vivências ficam gravadas em nossa mente, dificultando o processo de esquecimento. As vivências mais comuns estão ligadas às decepções com amigos próximos e relacionamentos amorosos, que na maioria das vezes culmina no rompimento das relações.
Embora esquecer completamente seja improvável, é possível seguir em frente. O primeiro passo é aceitar a dor e permitir-se sentir o luto pela perda, seja ela amorosa, de amizade ou familiar. Reprimir emoções só prolonga o sofrimento. Em seguida, é fundamental reconstruir a própria identidade, redescobrindo hobbies, objetivos pessoais e fortalecendo vínculos sociais. Não há um tempo definido para a cura, nem um caminho único para a superação. As pessoas que passam por nós deixam marcas, mas cabe a nós escolher como essas marcas influenciarão nosso futuro.
Silvana Pedro Pinto é psicóloga clínica e educacional. Atende adultos e crianças na Clínica Bambini. |