Os sistemas agroflorestais compostos por árvores combinadas a culturas agrícolas, trepadeiras, forrageiras e arbustos continuam em expansão em diversas regiões do País, mudando a visão e tradição de que seria necessário derrubar matas nativas para plantar alimentos. A técnica, por sinal, conta com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que oferece assistência especializada na implantação de sistemas agroflorestais. Graças à colaboração especial, a alternativa de produção agrícola composta por árvores combinadas a culturas agrícolas e diversos outros vegetais conhecidos, permite conciliar atividade produtiva e a conservação da natureza. “Trata-se de sistema produtivo biodiverso, com interações ecológicas e econômicas, além de múltiplas possibilidades de arranjos espaciais e temporais”, ressalta Fabricio Nascimento Ferreira, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental (CPATU).
Conforme o último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2017, no País mais de 13,9 milhões de hectares eram ocupados por sistemas agroflorestais e com o crescimento do interesse pela nova técnica de plantio de alimentos nos últimos anos, estima-se que a área aproveitada já seja bem maior. Isso porque os benefícios da combinação de floresta e agricultura, são muitos, como melhoria do solo, pois a presença de árvores nos sistemas agroflorestais aumenta a matéria orgânica e protege o solo, ampliando sua qualidade e fertilidade. Da mesma forma, o sequestro de carbono com árvores dos sistemas agroflorestais capturando gás na atmosfera e ajudando na mitigação de efeitos das mudanças no clima. Além disso, a recuperação de áreas degradadas contribui para restauração de solos empobrecidos e ecossistemas danificados, além do controle de pragas e doenças, já que nos sistemas agroflorestais a diversidade de espécies ajuda a reduzir o risco de pragas e doenças nas lavouras e hortas.
Outros benefícios são a melhoria do balanço hídrico, pois os sistemas agroflorestais aumentam a capacidade de absorção e infiltração de água no solo, reduzindo o risco de erosão, além dos serviços ecossistêmicos, pois melhoram a qualidade da água atraem polinizadores e criam habitats para a fauna nativa, fortalecendo a resiliência dos ecossistemas. Em troca, técnicos recomendam ser primordial avaliar clima e bioma da região antes de implantar o sistema agroflorestal, pois é composto por árvores combinadas a culturas agrícolas, trepadeiras e forrageiras entre outras, o que permite conciliar a atividade produtiva e a conservação da natureza. Com o sistema, o solo de propriedades rurais melhora graças ao alto teor de matéria orgânica gerado pelas árvores e pelas aves nativas. Entre os cultivos nos sistemas de todo o País estão açaí, cupuaçu, banana e taperebá, pois além da Amazônia a técnica vem ganhando espaços em diversas regiões do Brasil. Entre suas opções estão áreas de plantio de ciclo curto, como leguminosas ou raízes, e de ciclo médio, como frutíferas, para ter fontes de renda, enquanto as árvores se desenvolvem. Uma das características do modelo agroflorestal é o plantio de espécies que demoram tempos diferentes para se desenvolver, pois vegetais que crescem primeiro melhoram a atividade orgânica no solo, o que ajuda na saúde do meio ambiente e, ainda, contribui para pagar as contas do produtor rural.
Dilceu Sperafico* é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado E-mail: dilceu.joao@uol.com.br |