Todos nós sabemos que a história avançou de modo muito diferente para os povos de cada parte do globo. Nos 13.000 anos que se passaram, desde o fim da última Era Glacial, algumas partes do mundo desenvolveram sociedades industriais e letradas, que usavam utensílios de metal, enquanto outras produziram apenas sociedades agrícolas analfabetas e ainda outras se mantiveram caçadoras/coletoras de alimentos, usando artefatos feitos com pedras. Essas desigualdades projetaram grandes sombras sobre o mundo moderno, uma vez que as sociedades letradas que possuíam utensílios de metal conquistaram ou exterminaram as outras sociedades. Embora essas diferenças representem os fatos mais elementares da história mundial, suas causas continuam incertas e controvertidas. Essa intrigante questão é apresentada pelo antropólogo Jared Diamond, Jared em seu livro Armas, Germes e Aço – os destinos da sociedade humana. Quando a humanidade de fato evoluirá?
Cada dia que passa, percebemos com mais clareza a dura realidade em que vivemos. Não é pessimismo não. É impossível olhar com bons olhos este sistema que se apresenta, sistema violento e injusto que privilegia poucos e oprime a grande maioria do povo. Como podemos dizer que tudo está bem se estamos contaminados pelo vírus do capitalismo que só procura lucro, consumo, concorrência sem ver o ser humano, transformando a pessoa num objeto?
Como cristãos temos medo de assumir o compromisso a nós deixado por Jesus, de lutar pela vida digna, em prol da verdade. Preferimos calar diante das injustiças. Enquanto alguns estão satisfeitos porque estão com a barriga cheia e o bolso também, outros estão submetidos a viverem com um salário de fome. Alguns tem mesa farta, bebidas finas, outros não tem o pão e o leite de cada dia. Assistência médica é um privilégio de poucos, pois muitos morrem diariamente por falta de assistência, por não possuírem “grana”. Enquanto alguns possuem grandes propriedades de terras, tantos precisam migrar para as favelas, pois perderam suas terras devido a construção de barragens, dívidas bancárias, ou outra armadilha para gerarem pobreza e miséria no país.
Este contraste violento não é o mundo que Deus quer, e se continuarmos assim estamos cada vez mais longe de construirmos o Reino de Deus. Enquanto permanecer este sistema anti-evangélico será impossível viver com dignidade de vida, como verdadeiros filhos e filhas de Deus, criados a sua imagem. Somente quando respeitarmos os direitos uns dos outros, quando todos tiverem lugar para viver, quando as pessoas não temerem a verdade, quando vivermos como irmãos, quando nos conscientizarmos que a injustiça não leva a verdadeira vida, que Deus é para todos e o pão também, quando tivermos comunhão dentro da nossa casa, da nossa comunidade, na sociedade, então estaremos colocando sinais verdadeiros do reino de Cristo no mundo, baseados em seu Evangelho.
* Filósofo e teólogo – professor de filosofia, antropologia e história. Professor da Rede Estadual de Educação. pardinhorama@gmail.com |