O estreitamento da convivência com animais de estimação tem ganhado relevância e a cena de animais presos a coleiras, nos quintais, isolados de seus donos, tem sido cada vez mais raras.
O vínculo afetivo que se forma entre pessoas e seus pets vai muito além de um simples relacionamento funcional. Ele é carregado de emoções, cumplicidade e, muitas vezes, da sensação de amor incondicional que pode preencher lacunas emocionais significativas. Caso você tenha pet, com certeza irá se recordar de situações onde estava estressado ou triste e a simples presença do seu companheirinho contribuiu para a retomada do estado de harmonia.
Para pessoas que vivem sozinhas, como é o caso de vários idosos, frequentemente relatam que seus animais são uma das razões para se sentirem necessárias e úteis. Já em famílias, os pets podem promover união e gerar lições de responsabilidade, empatia e respeito entre crianças e adultos.
Inúmeros são os benefícios para a saúde mental é o que aponta vários estudos. O simples ato de acariciar um gato ou um cachorro pode reduzir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse e aumentar a liberação de oxitocina, conhecida como o hormônio do amor. Além disso, a interação com pets está associada à diminuição de sintomas depressivos, aumento da sensação de propósito e até mesmo melhorias no sono.
Embora os benefícios sejam evidentes, o apego aos animais de estimação também pode trazer desafios. A perda de um pet, por exemplo, é frequentemente vivenciada como um luto profundo, comparável à perda de um familiar. Vivenciei recentemente, de forma trágica e criminosa, a perda de um cachorro, que acompanhou minha família por oito anos. Ainda é difícil aceitar a perda. Infelizmente, ainda há uma subvalorização social dessa dor, o que pode fazer com que pessoas que sofrem com essa perda se sintam incompreendidas ou até mesmo ridicularizadas.
Em outras circunstâncias, o apego pode se tornar uma fonte de ansiedade vista quando há preocupações excessivas com o bem-estar do animal, o medo de deixá-lo sozinho ou a incapacidade de viajar sem ele. São questões que exigem atenção. Nesses casos, é importante refletir sobre os limites do vínculo e buscar equilíbrio.
Em um mundo cada vez mais acelerado, onde relações humanas podem ser superficiais ou fragmentadas, os animais de estimação se destacam pela simplicidade e autenticidade de sua presença. Eles não julgam, não exigem perfeição e estão sempre disponíveis, oferecendo seu amor puro.
A relação entre humanos e seus animais de estimação é, sem dúvida, uma troca rica e cheia de significado. No entanto, como em qualquer relação, é importante encontrar equilíbrio e estar preparado para lidar com os desafios que podem surgir.
Silvana Pedro Pinto é psicóloga clínica e educacional. Atende adultos e crianças na Clínica Bambini. |