Premiado nacionalmente e referência em sustentabilidade para o País, o projeto Poliniza Paraná, coordenado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), conta com um exército de operárias. São sete espécies diferentes de abelhas nativas sem ferrão que colaboram com a manutenção do ecossistema local: Guaraipo, Mandaçaia, Mirim, Tubuna, Jataí, Iraí e Manduri. Elas foram os destaques desta quinta-feira, 3 de outubro, Dia Nacional da Abelha.
Abelhas menores, como as jataís e as mirins, que têm entre 3 milímetros e 4 milímetros, tendem a interagir com flores menores, que consequentemente têm um pólen menor. As maiores, como mandaçaias e guaraipos, que chegam aos 10 milímetros, conseguem polinizar áreas mais amplas justamente pelo contato com uma maior variedade de flores.
“Cada espécie tem uma rotina diferente, saindo em horários diferentes, e fazendo rotas diferentes. Algumas polinizam apenas um tipo de flor, enquanto outras são mais generalistas”, destaca a engenheira florestal e coordenadora do Poliniza Paraná, Nara Lucia da Silva.
“Elas têm papéis ecológicos muito distintos, por causa do formato do corpo e do comportamento”, acrescenta Bruno Reis Martins, biólogo da Coordenação de Patrimônio Natural da Sedest.
Para celebrar o Dia Nacional da Abelha, comemorado na quinta-feira (03), a Sedest preparou um miniguia com as principais informações das espécies que formam o Poliniza Paraná, proposta que conta com mais de 200 colmeias instaladas em 29 municípios paranaenses.
MANDURI – Têm tamanho mediano, de 7 milímetros, e são da única espécie do gênero Melipona em que a abelha rainha pode parar a postura de ovos em períodos frios ou de inverno (evento chamado de diapausa reprodutiva). Elas podem se tornar agressivas caso se sintam ameaçadas. São conhecidas por produzir um mel rico em sabor. Estão na listagem de espécies ameaçadas de extinção.
GUARAIPO – Também chamadas de guarapu, elas são das maiores espécies, do gênero Melipona, com tamanho médio de 9 milímetros. Têm como particularidade possuir uma ou mais abelhas rainhas. As guaraipos costumam construir seus ninhos em troncos ocos, em locais úmidos e sombreados, e são muito resistentes ao frio. É mais uma das espécies de abelhas em risco de extinção.
TUBUNA – Essa é uma espécie bastante defensiva, conhecida por proteger seu território de invasores. Ao serem atacadas, liberam um odor que lembra o coco queimado. Seus corpos são pretos e têm aspecto brilhoso, o que as difere de outras espécies de coloração mais escura.
JATAÍ – Uma das mais populares espécies, é encontrada em todo o País. A entrada de seus ninhos chama atenção pelo orifício cilíndrico de cera com pequenas ramificações. A aparência também difere bastante das outras: elas têm corpo esguio em coloração amarelo-dourada, com corbículas (para armazenar pólen) pretas.
MIRIM – A designação de abelhas mirins, na verdade, engloba um escopo de sete diferentes espécies, sendo seis delas do gênero Plebeia. A única exceção é a Friesella schrottkyi, popularmente conhecida por mirim-preguiça. Essas abelhas são mansas e sociais. A maioria das espécies chama atenção por manter uma princesa não fecundada em uma câmara real feita de cerume sendo preservada para o caso de a abelha-rainha precisar de uma substituta.
IRAÍ – As iraís são uma espécie tímida e mansa e, assim como as mirins, sem risco ao ser humano. Seu mel é produzido em pequenas quantidades e seus ninhos têm formato característico espiralado. É uma espécie ótima para a meliponicultura.
MANDAÇAIA – Esse nome tem origem indígena e significa “vigia bonita”, porque na entrada de suas colmeias sempre há a permanência de uma abelha guardiã. A mandaçaia é uma espécie de abelhas mansas e sociáveis que podem chegar aos 11 milímetros, e também está ameaçada de extinção.
POLINIZA PARANÁ – Lançado em janeiro de 2022 pela Sedest, o Poliniza Paraná instala colmeias de abelhas nativas sem ferrão em diversas cidades do Estado, despertando na sociedade a importância dos polinizadores, a partir da educação ambiental. O projeto é uma linha de ação do Paraná Mais Verde, regulamentado pela Lei Estadual n° 20.738/2021, e é um dos meios de se alcançar as metas definidas nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), principalmente relacionado ao objetivo 15 – Vida Terrestre.
“O Poliniza traz um forte viés educativo e favorece a sensibilização das pessoas, a atenção e o fascínio tanto para esse grupo de insetos, quanto para o processo de polinização”, afirma Nara.