*César Gomes de Freitas
Todos devem ter reparado na fumaça que respiramos nas últimas semanas. Incêndios florestais na Amazônia, na Bolívia e no nosso vizinho Paraguai tem contribuído para a degradação da qualidade do ar.
Neste período o ano, conhecido na Amazônia como verão, praticamente não chove naquela região. Aliás, chuva está rara até por aqui no Oeste do Paraná. Daí a seca e os incêndios e queimadas que produzem a fumaça que chega até Assis Chateaubriand. O problema é que não é só fumaça, no momento em que escrevo este texto, quinta-feira, faz 37 graus e estamos no inverno. As mudanças climáticas são uma realidade, como é um exemplo o fenômeno que destruiu o Rio Grande do Sul.
A preocupação com o clima não é de hoje. Para minimizar impactos ambientais negativos, de modo especial os causados pelo processo de industrialização, a partir da década de 1970, surgiram, em várias partes do mundo, movimentos organizados que passaram a discutir os problemas ligados ao clima. Em 1970, ocorreu o primeiro encontro internacional, com efetivo destaque para a chamada consciência ecológica. Esta reunião, denominada Clube de Roma, entre outros objetivos, buscou alertar as autoridades mundiais para a necessidade de estabelecer uma diferença entre crescimento e desenvolvimento econômico.
Em 1972, aconteceu a 1ª Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente das Nações Unidas, em Estocolmo, na Suécia, com grande repercussão no mundo ao evidenciar os problemas ecológicos e os impactos ambientais industriais. Pela primeira vez, representantes de governos dos países membros da ONU reuniram-se para discutir a necessidade de adoção de medidas efetivas de controle dos fatores que causam a degradação ambiental. Foi a primeira conferência internacional das Nações Unidas que tratou das relações do homem e o meio ambiente; poluição foi a palavra-chave deste encontro. O evento culminou com a Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente. A partir desta declaração a questão ambiental tornou-se verdadeiramente uma preocupação global e passou a fazer parte das negociações internacionais.
Uma mudança importante ocorre no estado de conscientização em que chegou o consumidor, sendo que os fatores preço e qualidade não são mais os únicos a serem considerados quando da aquisição de um produto ou da obtenção de um serviço.
De forma inteligente, algumas empresas tentam transformar o meio ambiente em vantagem competitiva. Em vez de encarar as obrigações ambientais como uma desvantagem financeira, as empresas estão reconhecendo, cada vez mais, as oportunidades competitivas na prevenção da poluição, nas tecnologias não prejudiciais às pessoas (Clean Technologies) e nos produtos que respondem bem ao meio ambiente.
Um aspecto importante que tem sido observado no Brasil, semelhante ao que ocorre em muitos países chamados desenvolvidos, é o relacionamento entre o setor privado e as atividades ambientalistas na implantação de projetos e programas de conservação da natureza.
Além disto, órgãos financiadores internacionais, como o Banco Internacional de Desenvolvimento (BID), fazem incluir, nos programas financiados por estas instituições, uma política ambiental para a concessão de empréstimos aos seus tomadores.
Por tudo isto é cada vez maior o número de empresas e organizações que adotam as normas e políticas de Gestão Ambiental.
Ações individuais são igualmente importantes. Exigir do poder público e colaborar com a reciclagem do lixo, reduzir o consumo de água, reduzir o consumo exagerado e optar por aqueles produtos com certificação ambiental e social, seja qual for a sua profissão, fique antenado nas questões de sustentabilidade.
O exemplo, como sempre, vem de baixo. Devemos exigir uma postura e ações mais efetivas de nossos governos, a começar de nossos candidatos à prefeito e vereador, mas antes precisamos fazer nossa parte. Afinal, devemos começar por nós as mudanças que desejamos ver no mundo. Assis Chateaubriand faz sua parte, com ações como, por exemplo, a coleta seletiva. Precisamos de mais.
Os sinais de fumaça são cada vez mais claros.
* César Gomes de Freitas é professor do Campus Assis Chateaubriand do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Possui Pós-Doutorado pela Universidade Federal Fluminense, doutorado pelo IOC/Fiocruz, mestrado pela UCDB e é bacharel em Administração e Ciências Contábeis. Contato: cesar.freitas@ifpr.edu.br |