Historicamente incontáveis governos em diferentes níveis no Brasil foram eleitos prometendo ressuscitarem até frangos congelados e construírem pontes onde não tinham rios, isso tudo durante o período da campanha política. É interessante observar que muitos postulantes aos diferentes cargos nos poderes mantêm os discursos voltados a favor das camadas populares menos favorecidas. Por que este público é lembrado e abraçado neste período e depois é esquecido? É ético aceitar a fome, a miséria e o desemprego? Que valores queremos num País que exclui, deixa com fome e divide cidadãos e cidadãs entre os que comem e os que não comem?
Fome, miséria e ignorância: instrumentos de poder
Quem faz discurso profético consegue iludir o povo e assim ganha votos. Os menos favorecidos são também os que tiveram menos, ou nem tiveram oportunidades de estudar e crescer. Por falta de esclarecimento, as pessoas caem na “armadilha” que ajudam a construir. É lamentável que em países periféricos como o Brasil, a ignorância é mantida porque serve para promover a apatia da população – e, como consequência, a pobreza se perpetua como eficaz instrumento de dominação.
Não se pode negar que a cultura popular deve ser respeitada. Mas é preciso ir além, buscar também o conhecimento sistemático, que constitui uma das bases para a formação de hábitos e atitudes que levam à participação na vida social e ao pleno exercício da cidadania. Conhecer, nesse sentido, é saber, é dar um passo fundamental na direção da liberdade de pensar, criticar e agir. Conhecer o mundo é apropriar-se dele, e não ser presa fácil da mentira, da ilusão, do obscurantismo, da demagogia, da mistificação, do sectarismo ideológico.
A escola não é um mundo à parte da sociedade. Além dela, atuam as igrejas, os partidos, os sindicatos, os meios de comunicação, as manifestações culturais. E da ação educativa conjunta de todos esses elementos que se formam a consciência, os valores, os projetos de vida, as opções ideológicas.
Respeito à verdade, senso crítico, solidariedade, aceitação do outro, reconhecimento da importância da participação e aceitação da divergência, do trabalho e esforço disciplinado são virtudes imprescindíveis para viver no “mundo moderno” e na democracia e são incompatíveis com o autoritarismo da classe dominante.
* Filósofo e teólogo – professor de filosofia, antropologia e história. Professor da Rede Estadual de Educação pardinhorama@gmail.com |