Na vida de fé há momentos decisivos de escolha. Precisamos discernir se queremos continuar no mesmo caminho ou tomar uma outra estrada ou fazer outra escolha.
A Bíblia contém páginas densas sobre estas alternativas e escolhas que muitas vezes dividem a história em duas, um antes e um depois. As leituras de hoje apresentam dois momentos deste tipo: o primeiro se refere a Israel (primeira leitura) que deve escolher a quem servir. O segundo diz respeito aos doze apóstolos que, em um momento de crise profunda no ministério de Jesus, devem escolher ficar com ele ou abandoná-lo.
O evangelho apresenta a reação dos discípulos diante do discurso do Pão Vida (Jo 6,60-69). Eles não conseguem entender o sentido do comer a carne e beber o sangue de Jesus. Depois de todos terem visto o sinal do pão e de ouvirem o discurso que explicou seu sentido, chegou a hora da decisão de fé: acolher ou rejeitar Jesus como enviado de Deus. Surge uma murmuração entre os apóstolos. As palavras de Jesus são duras e diretas e estão longe das expectativas dos discípulos. Há no ar um sentimento de derrota e Jesus não alivia a situação, nem mesmo no jeito de falar; ele não busca a aprovação, a realização da Palavra não está relacionada ao consenso, mas à fidelidade.
Este fato se repetirá muitas vezes na vida dos cristãos. Quando acontece o fracasso surge o desejo de abandonar tudo.
Muitos discípulos voltaram atrás, não tiveram a coragem de aceitar a proposta de Jesus. Diante disso, Jesus pergunta aos Doze se eles também querem deixá-lo. Simão Pedro faz então sua profissão de fé em nome dos que querem seguir Jesus. É uma resposta que brota do Espírito. Também nós, precisamos diariamente renovar nossa fé no “pão descido do céu”, assumir com ele o caminho da cruz que nos conduzirá à ressurreição. A maturidade de nossa fé é alcançada quando afirmamos com São Pedro: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.
A vida de fé se concretiza na profunda relação dos discípulos com o Mestre. “Eu sou o pão da vida”. Crer e conhecer são dois verbos que exprimem a relação com Deus, por causa dele estamos dispostos a entregar a própria vida. A relação entre Jesus e o Pai reflete na fé dos discípulos.
Por isso os Doze Apóstolos permaneceram com Jesus e, através de Pedro, afirmaram a sua fé nele. Os apóstolos estão convencidos de que somente Ele tem palavras de vida eterna. Eles representam todos os que estão dispostos a dedicar a vida ao serviço do Reino de Deus. Eles ensinam a viver a verdadeira fé, que consiste em uma relação existencial com o Senhor que leva a construir relação novas de justiça e fraternidade entre todos.
No último domingo do mês de agosto a Igreja celebra a vocação dos catequistas e vocação dos cristãos leigos. O Catequista é simultaneamente testemunha da fé, mestre e mistagogo, acompanhante e pedagogo que instrui em nome da Igreja. Uma identidade que só mediante a oração, o estudo e a participação direta na vida da comunidade é que se pode desenvolver com coerência e responsabilidade” a sua missão (Papa Francisco). Deus abençoe e fortaleça todos os catequistas da Diocese de Toledo.
Dom João Carlos Seneme, css Bispo de Toledo |