A fé da Igreja, olha Maria a partir do Mistério Pascal de Jesus, e afirma que ela, no término de sua vida terrestre, foi elevada ao céu. Deus estendeu os braços e elevou Maria à glória do céu. Deus fez maravilhas na vida de Maria, mãe do Salvador. O que aconteceu com Maria é o ápice de uma sucessão de graças na vida de quem foi cheia de graça.
A assunção é consequência da fé de Maria. Ela havia proclamado que Deus exalta os humildes e destrói a segurança dos soberbos. Sua vida foi marcada pela humildade e o desejo de servir. Ela se manifesta como a serva humilde do Senhor, vivendo na simplicidade e no escondimento. Por isso Maria se torna verdadeira discípula porque ouve a Palavra de Deus e a coloca em prática. A fé de Maria gera compromisso: ela realiza em sua vida o que ouviu da Palavra de Deus. Hoje celebramos o dia em que Deus levou para junto de si a mulher que dedicou sua vida a Deus.
A festa da Assunção de Maria é a festa da assunção da Igreja. O destino de Maria é sinal do que acontecerá com todos os seguidores de Jesus no fim dos tempos.
O caminho que cada um de nós é chamado a percorrer, depois de ter recebido a graça do dom batismal, não é diferente: ouvir a palavra de Deus, aderir a ela com humilde obediência e caminhar na esperança de que as promessas de Deus nunca serão impossíveis. Olhando para o itinerário da Virgem Maria, hoje todos podemos retomar a nossa vida assumindo nossa fragilidade e desejando dar o melhor de si. A força que nos projeta da terra para o céu é uma pobreza de coração que se traduz na liberdade de reconhecer tanto os nossos pecados como as “grandes coisas” (1, 49) que o Todo-Poderoso realiza em nós no mundo inteiro.
O dogma da Assunção de Nossa Senhora foi proclamado pelo Papa Pio XII no dia 01 de novembro de 1950 e exprime o último dom que Cristo quer dar à Sua Mãe, como se quisesse agradecê-la por sua inteira disponibilidade em colaborar com Ele na obra da glorificação de Deus e na redenção da humanidade. O privilégio que é dado à Maria com a Assunção ao céu revela que Deus quer antecipar o que acontecerá com todos aqueles que creem em Jesus Cristo e o seguem de perto, procurando realizar aqui e agora o Reino de Deus.
A Virgem Maria representa a Igreja, que se compromete com o reino pela fé na Palavra de Deus que nos impele a gerar o Cristo para o mundo por meio do anúncio, do testemunho e do serviço.
Por isso neste dia a Igreja do Brasil celebra a vocação de todos os religiosos e religiosas porque Maria é modelo para todos os cristãos e, de modo particular, daqueles que colocam o Ressuscitado no centro de suas vidas de modo a segui-lo de perto na radicalidade de uma vida a serviço de Deus e dos pobres. Hoje, mais do que nunca, é uma vocação necessária para o mundo porque elas e eles sinalizam que existe este modo todo especial de viver a vida seguindo os conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência. Num mundo tão marcado pelo hedonismo, egoísmo, vemos estes exemplos de vida e de doação.
Que Maria, evangelizada e evangelizadora, acompanhe com sua proteção e carinho todas as religiosas e religiosos de nossa Diocese. Obrigado pelo bem que fazem e o testemunho de amor que oferecem no meio de nossas comunidades.
Dom João Carlos Seneme, css Bispo de Toledo |