Agosto Lilás vem alertar sobre a importância da conscientização e combate à violência contra a mulher. Apesar do amplo debate e campanhas, por vezes parece um assunto distante, como se não fizesse parte da nossa realidade.
Ainda, quando falamos em violência, relacionamos à violência física perpetrada por empurrões, tapas e por aí afora. Temos dificuldade em associar ou aceitar a violência psicológica, que destrói a saúde mental da mulher.
O agressor pode ter um perfil narcisista cuja personalidade é marcada por uma autoimagem inflada e um profundo senso de grandiosidade, que muitas vezes mascara uma fragilidade interior. Esse tipo de indivíduo vê o mundo e as pessoas ao seu redor como meros instrumentos para a satisfação de suas próprias necessidades e desejos, sem considerar o impacto de suas ações nos outros.
O narcisista tem uma percepção distorcida de si. A visão inflada denota a necessidade de ser admirado. Quando criticado ou rejeitado, pode apresentar reações desproporcionais de raiva e desprezo.
No contexto conjugal, a pessoa narcisista frequentemente se revela como um parceiro abusivo. Inicialmente, pode ser encantadora, atenciosa e generosa, criando uma imagem de “príncipe encantado”. No entanto, essa fase é geralmente breve, e logo começa a emergir um comportamento controlativo e manipulador.
Alguns sinais indicativos de que uma mulher pode estar sendo vítima de violência incluem desvalorização, com críticas frequentes, tentando afastá-la de amigos e familiares, monitorando suas ações, distorcendo os fatos e manipulando a esposa para que ela se sinta culpada por problemas que não são de sua responsabilidade. Ele pode alternar momentos de aparente afeto com episódios de desprezo e indiferença, criando um ciclo vicioso de esperança e frustração. Em casos mais graves, pode usar ameaças, tanto físicas quanto emocionais, para manter o controle.
Aos olhos dos outros, parece aquele cara normal, comparece aos eventos da escola dos filhos, presenteia a esposa. Quando questionado sobre a infidelidade, nega. Muitas vezes, consegue convencer que a esposa é sempre a culpada pelos conflitos entre o casal. É capaz de manipular outras pessoas para a certificação das suas ações inverídicas. Lembrando, narcisismo não é exclusividade de homens, mulheres também podem apresentar comportamentos igualmente tóxicos.
Libertar-se de um relacionamento com um narcisista é um processo desafiador, que requer coragem e apoio. O primeiro passo é reconhecer que o comportamento do parceiro não é normal, nem saudável. A partir disso, é essencial buscar ajuda externa, familiares ou de um profissional de saúde mental, é essencial para criar uma rede de segurança e suporte emocional. Em casos de abuso emocional ou físico, considerar o fim do relacionamento pode ser a melhor opção para preservar o seu bem-estar.
Silvana Pedro Pinto é psicóloga clínica e educacional. Atende adultos e crianças na Clínica Bambini. |