Desde a semana passada estamos torcendo por nossos atletas olímpicos nas competições dos Jogos de Paris 2024. Quero aproveitar esse espírito olímpico para realizar algumas reflexões usando como referência nossos atletas.
Um atleta de alto nível, como os que conseguem índices necessários para se classificar para os Jogos Olímpicos, tem uma rigorosa rotina de preparação. Eles treinam, treinam, treinam e, de vez em quando, executam (diferentemente do que fazem nossas empresas que exigem que seus colaboradores executem, executem, executem e, uma vez na vida e outra na morte, oferecem um treinamento ou capacitação). Para chegar à elite de qualquer esporte são necessárias horas diárias de treinamento, muita dedicação e sacrifícios. Já comentei, neste espaço, sobre a polêmica declaração de André Agassi em sua autobiografia: “Eu odeio tênis”. E o tenista explica, “durante grande parte de minha infância e adolescência, meu pai me acordava às 4h30 da manhã para treinar”. Porém, o ex-número um do mundo reconhece que foram estas madrugadas de treinamento que contribuíram para ele vencer diversos torneios de Gran Slam.
O escritor Malcolm Gladwell, corrobora a importância do treinamento em seu fantástico livro “Fora de Série”, onde o autor apresenta a regra das dez mil horas. Segundo Gladwell, “a ideia de que a excelência em uma tarefa complexa requer um nível de prática mínimo está sempre ressurgindo em estudos de expertise”. O livro define que os pesquisadores chegaram ao que acreditam ser o número mágico para a verdadeira excelência: dez mil horas. Ou seja, são necessárias dez mil horas de prática para atingir o grau de destreza pertinente a um expert de nível internacional – em qualquer atividade.
Ser um profissional de alto nível não é fácil. Ninguém chega ao topo sem empenho, esforço e dedicação. Por isso o simples fato de estar nas Olimpíadas, entre os melhores do mundo em seu esporte, já é um feito digno de comemoração. Ganhar uma medalha então, é para poucos. Repare em como os atletas comemoram mesmo uma medalha de bronze. Eles sabem que inúmeros excelentes atletas na história de seus respectivos esportes não conseguiram conquistar a honra de subir em um pódio olímpico.
Vamos agora trazer essa reflexão para nossas carreiras. O princípio é o mesmo: se quiser ser um profissional de excelência você precisa se preparar, treinar, buscar conhecimento e informação. Fazer curso técnico ou faculdade é só o primeiro passo. O profissional da era do conhecimento nunca pode deixar de estudar, de se atualizar.
Ser um profissional mais ou menos, um profissional meia boca é fácil. Basta achar que já sabe e aprendeu tudo o que precisa e gastar seu tempo em redes sociais ou com séries da Netflix e outros streamings.
Mas, lembre-se: para os bons profissionais sempre haverá espaço no mercado de trabalho. Já os mais ou menos e os meia boca terão sempre mais dificuldade em conseguir e manter seus lugares.
* César Gomes de Freitas é professor do Campus Assis Chateaubriand do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Possui Pós-Doutorado pela Universidade Federal Fluminense, doutorado pelo IOC/Fiocruz, mestrado pela UCDB e é bacharel em Administração e Ciências Contábeis. Contato: cesar.freitas@ifpr.edu.br |