No domingo passado (Jo 6,1-15), acompanhamos o sinal (=milagre) de Jesus com a multiplicação dos pães onde todos comeram e ficaram saciados e sobrou alimento suficiente para saciar a fome de muita gente. Jesus representa a generosidade de Deus que alimenta a todos.
A multidão não havia compreendido o sentido verdadeiro do gesto de Jesus: passar do pão material ao pão da vida. Por isso Jesus dialoga com as pessoas ajudando-as a compreender o mistério escondido no milagre do pão. As pessoas seguem Jesus porque presenciaram a multiplicação do pão. Porém veem Jesus como prodígio, mas não como o enviado de Deus para conduzir o povo à salvação. Jesus, o Filho de Deus, se manifesta como o pão que oferece vida nova, plena e verdadeira. Lança então um desafio: “Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna”.
A melhor obra que podemos fazer é crer em Jesus, o Filho de Deus enviado para dar vida ao mundo. É a fé que nos aproxima de Jesus como nosso Salvador e nos faz reconhecer que precisamos dele como necessitamos do ar, da comida, do amor. Por isso o alimento que o Senhor oferece é de outra natureza, não é perecível e nos introduz na vida eterna. Jesus afirma que o pão que dá a vida é ele mesmo. A fé é obra de Deus. Indo atrás de Jesus, receberam pão como dom, não por seu trabalho; pois agora seu esforço será crer em Jesus e receber a salvação como dom.
A Eucaristia vem do Pai: “É meu Pai quem vos dá o verdadeiro pão do céu. Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo”. A Eucaristia nos conduz ao Pai. Na liturgia da missa isto é evidente pelo fato de que tudo se direciona ao Pai: a oração eucarística é um diálogo em que a Igreja, fortalecida e mantida em pé pelo Espírito Santo, por meio de Jesus, se dirige ao Pai. Na Eucaristia acontece o milagre da presença viva e dinâmica de Jesus que se oferece ao Pai em favor de toda a humanidade. Jesus se faz alimento para sustentar a sua Igreja, para que ela não desanime e o siga de perto e seja sinal de sua presença no mundo principalmente sustentando a vida de nossos irmãos mais frágeis e sofredores.
Através do sacramento da Eucaristia entramos em comunhão com Deus que pede unidade e compaixão. Deus coloca em nossos corações os mesmos sentimentos de Jesus Cristo que foi obediente até a morte para realizar o plano de amor do Pai em favor da humanidade. Aproximar-se desta mesa é um gesto corajoso que vai além de nossas forças. Deus nos completa em Jesus Cristo e nos faz experimentar que estamos reunidos como filhos de Deus para receber o pão da vida que vai nos ajudar a continuar o projeto de salvação de Deus.
Neste domingo (4/08) iniciamos o Mês Vocacional que tem como tema “Igreja como uma sinfonia vocacional” e o lema “Pedi, pois, ao Senhor da Messe” (Mt 9,38). Hoje celebramos a vocação dos ministros ordenados: diácono, padre e bispo. Eles assumem a missão de Cristo como bom pastor nas suas diferentes funções. Buscam, com suas vidas, unir e valorizar todos os carismas, orientando o povo de Deus a tomar parte na missão de Cristo.
Maria Mãe da Igreja, interceda pelos nossos diáconos, presbíteros e bispos, que incansavelmente procuram seguir os passos de Jesus, conquistando pessoas para Cristo, como mensageiros da esperança e da paz. Desperta nos corações de nossos jovens o desejo de seguir Cristo no serviço da Igreja como ministros ordenados. Amém.
Dom João Carlos Seneme, css Bispo de Toledo |