Imagine a seguinte situação. Você está num restaurante e nota que o garçom, acidentalmente, lhe deu dinheiro a mais no troco. Você devolveria? Agora tente responder a esta segunda situação: você encontra uma carteira com grande quantia de dinheiro. Você procuraria o dono para devolver ou, ao contrário, se apropriaria dela e do dinheiro nela contido?
Para Gabriel Leite Mota a honestidade é uma das virtudes mais importantes: na família, no trabalho e na sociedade. Na política, então, assume especial relevância. Um político ser capaz de dizer ao que vem (dizer o que pensa) e fazer o que diz: eis o que necessitamos!
CONFIANÇA MÚTUA – Confiar na honestidade das pessoas é bom. Facilita o relacionamento. É agradável negociar quando se sabe que a outra pessoa quer servir, ajudar, e vai pedir um preço justo. No fim, ambos saímos satisfeitos.
Onde não existe essa confiança na honestidade das pessoas, o relacionamento torna-se tenso e doentio com estigmas: Se vejo em cada menino de rua fico pensando que é um ladrão, em cada homem um estuprador, em cada pessoa desconhecida que passa na minha rua um traficante ou sequestrador, a convivência transforma-se num inferno. Vou construir muros altos, grades fortes, instalar sistema de alarme, comprar cachorro bravo.
A atitude de ver todos os erros nas outras pessoas também pode servir para encobrir as nossas próprias pequenas desonestidades. Em última análise, elas não são menos desonestas do que as grandes! Honestidade se ensaia nos pequenos gestos do dia-a-dia.
PENSAR TAMBÉM NO PRÓXIMO – Martim Lutero, ao explicar o sétimo mandamento NÃO ROUBE, fala da honestidade nos negócios e propõe um caminho diferente: “Devemos temer e amar a Deus e, por isso, não tirar o dinheiro ou os bens do próximo nem nos apoderar deles por meio de mercadorias falsificadas ou negócios desonestos; mas de vemos ajudá-lo a conservar e melhorar seu meio de vida.”
O que Lutero propõe, é simples: Nos nossos negócios não devemos pensar exclusivamente no que é nosso, mas também no que é das outras pessoas. Não devemos defender somente o nosso interesse e querer ganhar às custas dos outros. Ser honesto significa também pensar no próximo.
A PROMESSA DE DEUS – Diz-se que no Brasil se admira mais quem é esperto, quem leva vantagem sobre os outros. Que a pessoa desonesta, corrupta, tem mais chance. Pode até parecer assim. Está aí uma das causas de muita miséria e sofrimento. Onde muitos são desonestos e corruptos, a comunidade toda carrega o fardo.
Prefiro, por isso, apostar na honestidade. Prefiro confiar em que a maioria das pessoas são íntegras e que o meu próximo está disposto a agir corretamente, como fez o menino. É verdade que, às vezes, é necessário ajudar as outras pessoas a andar no bom caminho e lembrá-las do seu dever. Assim como eu também aceito ser lembrado quando estou em tentação de me aproveitar de outra pessoa. E quero esforçar-me a agir honestamente, pois esta atitude tem a promessa de Deus:
“Vocês querem aproveitar a vida? Querem viver muito e ser felizes? Então procurem não dizer coisas más e não contem mentiras. Afastem-se do mal e façam o bem; procurem a paz e façam tudo para alcançá-la. Deus olha com atenção as pessoas honestas e sempre ouve os seus pedidos” (Salmo 34. 12-15).
* Filósofo e teólogo – professor de filosofia, antropologia e história. Professor da Rede Estadual de Educação pardinhorama@gmail.com |