No domingo, 02 de novembro de 2008, Lewis Hamilton conquistava o título de campeão mundial de Fórmula 1 pela primeira vez. Também era a primeira vez que um negro conquistava o campeonato mundial de pilotos da Fórmula 1. Claro que, como bom brasileiro e fã da F-1, fiquei triste por nosso Felipe Massa, que perdeu o título daquele ano por apenas um ponto. Depois deste primeiro título de Hamilton vieram outros seis títulos mundiais (2014, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2020). Hamilton junto com o alemão Michael Schumacher são os pilotos com mais títulos mundiais.
Na terça-feira, 04 de novembro de 2008, pela primeira vez um negro foi eleito presidente dos Estados Unidos da América. Uma vitória histórica. Porque histórica? Barack Obama tinha 47 anos em 2008. A lei que instituiu o voto universal e garantiu o direto de voto para os negros nos Estados Unidos, tinha naquela data apenas 44 anos. Ou seja, menos de cinquenta anos antes, em muitos estados americanos os negros não podiam sequer votar, imagine ser candidato.
Para entender a dimensão da vitória do democrata, precisamos lembrar que nos Estados Unidos, diferentemente do Brasil, houve um forte e lamentável movimento de segregação racial. Até a década de 1960, negros não podiam usar os mesmos bebedouros e banheiros que os brancos. Havia locais específicos para negros em restaurantes, lanchonetes e até em ônibus, isso nos locais onde sua presença era aceita. Uma verdadeira vergonha para o país que se proclama o berço da democracia.
Agora, em julho de 2024, Kamala Harris, mulher negra e filha de imigrantes, está às vésperas de ser nomeada candidata do Partido Democrata à Presidência dos Estados Unidos.
A conquista do título mundial de pilotos da mais cara e importante categoria do automobilismo internacional por Lewis Hamilton é digna de registro, mas não chega a ser surpreendente, uma vez que os negros sempre tiveram destaque nos esportes em geral.
Já a eleição de Barack Obama foi um evento histórico. Um desses fatos que nos faz ter a sensação de estar, efetivamente, vivendo a história. Finalmente, a realização do sonho de Martin Luther King em seu famoso discurso de 1963:
“Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano. Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença – nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais. Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade. Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!”. Depois de Obama, Kamala Harris tem tudo para, novamente, fazer história
* César Gomes de Freitas é professor do Campus Assis Chateaubriand do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Possui Pós-Doutorado pela Universidade Federal Fluminense, doutorado pelo IOC/Fiocruz, mestrado pela UCDB e é bacharel em Administração e Ciências Contábeis. Contato: cesar.freitas@ifpr.edu.br |