Mesmo que não seja visível, a poluição sonora afeta o nosso meio ambiente. As suas causas são devidas à indústria, à intensa urbanização de nossas cidades e ao nosso próprio estilo de vida. Os nossos lares não escapam deste buliçoso poluente através de nossos aparelhos de televisão, de rádio, de conjuntos de som e de utensílios domésticos.
“A poluição sonora vem aumentando a cada propaganda exagerada vista nas ruas, aquele comerciante, o ambulante, o feirante, na intenção de chamar a atenção para seus produtos, grita, fala alto, adquire objetos que provocam sons diferentes para atrair a curiosidade, principalmente das crianças. Os alto-falantes instalados em praças e comércios, sons automotivos, sons presentes em motos ou bicicletas, tudo isso afeta o meio ambiente, causando a poluição sonora. Acrescido a estes sons, dentro de casa, a televisão, o forno micro-ondas, a geladeira, o liquidificador, a batedeira são exemplos de eletrodomésticos que causam excesso de sons.
REALIDADE HOJE – O motoqueiro sai espalhando susto pela cidade com o escapamento barulhento. No ônibus, ninguém tem paz porque sempre tem algum passageiro ouvindo celular sem fone de ouvido. O colega de trabalho dá uma saída e não leva o celular, que começa a tocar incessantemente causando grande constrangimento. O vizinho de porta aprende a tocar guitarra e, para ouvir melhor os acordes, capricha no amplificador. Parece que viver em sociedade no século 21 é o mesmo que ser constantemente bombardeado pelo barulho. Como se não bastasse ser a cidade ruidosa por si só, a poluição sonora é potencializada por comportamentos inapropriados que as pessoas adotam no dia a dia.
O crescimento da população e, consequentemente, das indústrias, das cidades e do consumo, os avanços científicos e tecnológicos, geram poluição. Poluição de rios, lagos, mares, poluição do ar, afetando o clima e aumentando o índice de doenças respiratórias, a poluição visual, com banners, faixas, outdoors, fotos e mensagens espalhadas em ônibus, nas ruas, sejam fixos ou ambulantes, estão nos principais pontos das cidades.
Os ouvidos, por serem também receptores das comunicações, são alvo de muita propaganda, além dos barulhos de carros, motos e ônibus, as conversas simultâneas, o telefone fixo e o celular. E, como os ouvidos são utilizados também para o lazer, como ouvir as músicas prediletas, as pessoas tentam fugir dos incômodos barulhos das cidades por meio de um ipod, celular ou outros aparelhos sonoros, mas, na maioria das vezes, no maior volume possível, prejudicando muito a audição.
CONSEQUÊNCIAS – Os efeitos deste poluente podem ser físicos ou psicofisiológicos. Os altos níveis de intensidade e de freqüência afetam os ouvidos, e podem causar mudanças no ritmo cardíaco, dilatar as pupilas dos olhos, alterar o fluxo sanguíneo e de líquidos corporais, e até mesmo afetar o sistema endocrinológico.
Entre os efeitos psicofisiológicos inclui-se a perda de sono, a sensação de esgotamento, o cansaço nervoso (o estresse) e o aumento de agressividade. Não podemos negar os efeitos tão negativos do ruído quando não é controlado ou reduzido de alguma maneira. Em nossa era de músicas estridentes, de aviões a jato e de áreas urbanas densamente povoadas, esta poluição requer uma séria consideração. É importantíssimo que os nossos corpos tenham o benéfico e suavizante efeito do silêncio, para podermos descansar e relaxar das agitações diárias que nos sucedem em nossa existência e no ambiente que nos rodeia.
O excesso de ruído atenta contra o nosso equilíbrio emocional. Por desconhecer que é o ruído que produz muitíssimas de nossas tensões, muitas pessoas, em vez de buscar um refúgio silencioso (ou, quem sabe, não ter acesso a esse lenitivo) tratam de acalmar-se com o álcool, relaxam-se consumindo drogas, ou procuram fugir da realidade pela compra de felicidade aparente através de diversões que são meros passatempos.
Filósofo e teólogo – professor de filosofia, antropologia e história. Professor da Rede Estadual de Educação pardinhorama@gmail.com |