Quando falamos em dependência, costumamos associar a alguma substância química como o álcool, drogas ou o tabaco. A dependência digital está mais presente em nossas vidas do que possamos mensurar. É uma dependência sem substância.
Não dá para negar que vivemos em uma era onde a tecnologia permeia quase todos os aspectos da nossa vida. As telas estão por toda parte: smartphones, tablets, computadores e televisões. Elas nos mantêm conectados, informados e entretidos.
A dependência das telas ou o uso excessivo e compulsivo desses dispositivos eletrônicos é um fenômeno cada vez mais comum. Para muitos, é difícil resistir à tentativa de verificar constantemente as redes sociais, jogar videogames por horas a fio ou assistir a maratonas intermináveis de séries e filmes. Esta dependência pode impactar diversos aspectos das nossas vidas, desde a saúde mental até as relações pessoais.
A dependência das telas tem se caracterizado por uma necessidade compulsória de usar dispositivos eletrônicos, muitas vezes resultando em dificuldades para controlar o tempo gasto online, interferindo nas atividades diárias. A conveniência e a acessibilidade dos dispositivos, o design intencionalmente viciante de aplicativos e jogos, além da pressão social para estar sempre conectado, são as principais causas.
Ressalto aqui algumas características emocionais que também conduzem ao vício em telas, são elas, carências pessoais e autoestima comprometida.
As consequências são inúmeras, desde a perda da noção de tempo até o desenvolvimento de quadros de abstinência, com alterações de humor e sentimentos de raiva, tristeza e frustração.
Para identificar se você ou alguém da própria casa está passando dos limites, observe se já tentou reprimir o desejo de estar conectado e isso gerou desconforto ou sentimento de culpa. Também, já tentou se desconectar e fracassou por uma ou várias vezes, se fica inquieto ou deprimido quando não está fazendo uso de nenhuma tela, se fica por mais tempo ligado do que deveria ou poderia. Em casos mais graves, podem-se perder relacionamentos significativos, emprego ou oportunidades educacionais devido às redes.
Não menos importante, observe se você faz uso da internet como um meio para aliviar algum sentimento negativo de tristeza, ansiedade ou carência. Será que está na hora de reavaliar sua relação com o mundo digital?
Estou citando, de modo geral, vários sintomas ligados à dependência das telas. No entanto, não podemos nos esquecer do uso das telas pelas crianças, muitas vezes estimulado pelos próprios adultos. É comum vermos cenas de crianças usando as telas enquanto fazem as refeições, por exemplo, ou assim como os adultos, passando longos tempos, entretidas em jogos.
Para superar a dependência das telas, comece observando as suas reais motivações para o excesso. São fatores emocionais?
Reconheça e avalie os seus próprios padrões de uso. Pessoas com as quais convive também são ótimos observadores nesse sentido. Escute o que elas têm a dizer. Estabeleça limites de uso com bom senso.
A melhor das dicas, considerando as razões que o levam a ficar conectado em excesso, é investir em alternativas saudáveis. A principal é intensificar as relações interpessoais, estreitando a afinidade com as pessoas e criando vínculos significativos. É dar importância ao que é importante. Fortaleça as atitudes pessoais e profissionais, tornando-se mestre da tela da sua vida.
Silvana Pedro Pinto é psicóloga clínica e educacional. Atende adultos e crianças na Clínica Bambini |