O governo brasileiro está em negociações com a Bolívia para reduzir em até 40% o preço de importação do gás natural destinado à indústria nacional. A medida faz parte da viagem oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao país vizinho nesta terça (9), com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, integrando a comitiva e participando das discussões.
“Nós tivemos uma reunião histórica, fizemos o link entre a indústria nacional e a YPFB, que é a indústria de gás da Bolívia, a fim de que a gente possa eliminar a intermediação, diminuir o preço do gás e, consequentemente, aumentar a competitividade da indústria nacional”, afirmou Silveira.
Atualmente, a importação do gás boliviano é realizada por meio da Petrobras, que recentemente aumentou o preço do gás de cozinha em 9,6%. A proposta em negociação visa a compra direta do gás boliviano pela indústria brasileira, sem intermediários, o que resultaria na significativa redução de custos.
A expectativa é que, a partir de outubro, cerca de 6 milhões de metros cúbicos de gás por dia estejam disponíveis para a indústria brasileira. Desses, 4 milhões seriam extraídos diretamente na Bolívia e outros 2 milhões poderiam ser importados da Argentina, utilizando a Bolívia como rota de transporte.
A iniciativa, diz o ministro, faz parte do Programa Gás para Empregar, que visa criar condições para a reindustrialização do Brasil por meio do combustível. A comitiva brasileira incluiu representantes de grandes consumidores, como a indústria química, de vidros, cerâmica e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Em abril, Silveira anunciou a criação de um comitê de monitoramento dos projetos de gás natural, com o objetivo de aumentar a oferta do insumo. A reunião entre Lula e o presidente boliviano Luis Arce, marcada para terça-feira (9), deverá abordar investimentos brasileiros na Bolívia como um dos temas principais.
O governo busca acompanhar de perto os projetos de gás, destravando questões de regulamentação e licenciamento ambiental, para aumentar a oferta e baratear o insumo aos consumidores. Entre os projetos em estudo está a produção de gás natural não-convencional no Brasil, que, embora promissor, apresenta alto impacto ambiental.
Por Guilherme Grandi