Neste domingo, (30/06), celebramos a solenidade do martírio de São Pedro e São Paulo. Através deles recordamos a identidade da Igreja: Corpo de Cristo, testemunha de Jesus Cristo. A comunidade dos discípulos e discípulas de Jesus, animada pelo Espírito Santo, vive a cada dia, sua missão de ser sal e luz no mundo. Neste dia celebramos a festa dos “fundadores” de nossa fé, eles são os “patriarcas” da fé cristã. “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”, disse Jesus.
O Prefácio da missa deste domingo nos introduz no mistério que une estes dois apóstolos-mártires, tão diferentes entre si, mas unidos pelo mesmo amor à pessoa de Jesus. Vejamos o texto: “Hoje, vós nos concedeis a alegria de festejar os apóstolos São Pedro e São Paulo. Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o evangelho da salvação. Por diferentes meios, os dois congregaram a única família de Cristo e, unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, por toda a terra, igual veneração”. O dois tiveram suas vidas transformadas pelo encontro com Jesus. A partir daí entregaram inteiramente suas vidas ao seguimento de Jesus e à implantação do Reino de Deus. Cada um do seu jeito, o que nos faz celebrar hoje a riqueza de dons que há na Igreja; esta diversidade nos desafia a construir a comunhão eclesial.
Pedro foi chamado por Jesus enquanto exercia seu trabalho às margens do lago de Tiberíades. Era um pescador da Galileia junto com o pai, Jonas, e o irmão, André. Foi precisamente numa tarde, enquanto lançavam as redes, Jesus passou e disse-lhes: “Vinde após mim; Eu vos farei pescadores de homens”. Naquele dia teve início a trajetória de discípulo de Jesus: seguiu o Mestre por toda a Palestina; depois da morte de Jesus continuou sua missão anunciando a todos a experiência de vida com Jesus e a descoberta de que Jesus era o Filho de Deus que veio ao mundo para nos salvar. Sofreu o martírio em Roma onde hoje está a Basílica de São Pedro, símbolo da unidade de toda a Igreja. O Papa Francisco é seu sucessor e mantém viva a promessa de Jesus de que Simão se chamaria Pedro tornando-se a pedra-rocha sobre a qual seria edificada a Igreja de Jesus Cristo.
Paulo faz um caminho diferente. Não chegou a conviver com Jesus. Era um judeu ardoroso na sua fé e a defendia a todo custo, chegando a perseguir os seguidores de Jesus, os cristãos. Mas Jesus o esperava no caminho de Damasco: “Saulo, Saulo, por que me persegues”? Tornou-se um corajoso discípulo de Jesus; naquele dia, na estrada de Damasco, Cristo o tinha agarrado na alma e no corpo (Fl 3,12). Cristo tornou-se o sentido de sua vida: “O amor de Cristo nos impele” (2Cor 5,14). Colocou todo o seu conhecimento a serviço da Igreja, pregando Cristo aos judeus e aos pagãos.
A história desses dois homens nos ajuda a compreender a ação de Deus tecendo seu plano de salvação e contando com a generosidade humana para participar dele. Quem edifica a Igreja é Cristo. É Ele que escolhe livremente pessoas como Pedro e Paulo, homens frágeis, mas com um forte desejo de colaborar com o projeto salvador de Deus. Por isso Ele quer contar conosco hoje na continuidade de sua obra através da Igreja com a missão de anunciar que o Ressuscitado vive e está no meio de nós.
Dom João Carlos Seneme, css Bispo de Toledo |