A tecnologia mudou, muda e vai continuar mudando nossas vidas. Não há como impedir as mudanças tecnológicas e suas consequências no mercado de trabalho. Exemplos não faltam. Quando surgiu o aplicativo Uber, houve grande mobilização dos motoristas de taxi, revoltados porque a novidade roubava parte de seus clientes e poderia inviabilizar a rentabilidade de toda uma categoria. Lembro que, naquela época, muitos já diziam que era impossível deter tais consequências da tecnologia. Seria a mesma coisa de os carteiros fazerem greve ou protestos para que nós parássemos de utilizar o e-mail porque isso diminui o trabalho deles.
Não tem jeito, o que todo trabalhador precisa é estar atento as mudanças tecnológicas e ter a capacidade de se adaptar aos novos cenários da profissão. Poderia citar diversos exemplos. Um deles é o caso dos contadores. Em seu excelente “O mundo é plano”, Thomas Friedman, relatando as grandes mudanças que estão acontecendo no mundo contemporâneo, traz o exemplo dos contadores indianos, que estão realizando as declarações de imposto de renda dos americanos. A Índia, como ex-colônia inglesa, fala inglês e seus contadores, ao estudar a legislação do imposto de renda americano, estão concorrendo com os contadores dos Estados Unidos, recebendo e enviando as informações pela internet.
Outro exemplo de mudança que vamos assistir é aquela que será proporcionada pela popularização e crescente presença dos carros autônomos. A Tesla, empresa americana já comercializa carros autônomos, ou seja, carros que dispensam o motorista. Com esta nova tecnologia, quantos trabalhadores terão que encontrar outra fonte de renda? Motoristas de taxi, motoristas de Uber, motoristas de ambulância, motoristas de caminhões… Sim, já existem protótipos de caminhões autônomos.
Até o motoboy está com os dias contados. Em breve a maior parte das entregas de delivery será realizada por drones. Em testes realizados em São Paulo, ainda em 2020, o tempo médio de entrega foi reduzido de doze para dois minutos.
O que precisamos lembrar é do conceito de “Destruição Criativa” do economista austríaco Joseph Schumpeter, segundo o qual a tecnologia destrói empregos, mas cria outros que pagam melhor. Quer um exemplo: a utilização de drones vai destruir o trabalho dos moto-entregadores, porém vai criar a função de operador de drones. Quem você acha que vai receber o maior salário?
O grande desafio dos trabalhadores do século XXI será desenvolver a capacidade de adaptação. Neste sentido dois fatores são fundamentais, o primeiro será desenvolver a criatividade, que segundo Szent Gyorgi, vencedor do prêmio Nobel de Química, pode ser definida como a capacidade de “ver o que todo mundo vê e pensar o que ninguém pensou”. Outro fator importante é a busca pelo conhecimento. Quanto mais você estudar, maior será sua condição de se adaptar as mudanças no mercado de trabalho, sejam elas quais forem.
* César Gomes de Freitas é professor do Campus Assis Chateaubriand do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Possui Pós-Doutorado pela Universidade Federal Fluminense, doutorado pelo IOC/Fiocruz, mestrado pela UCDB e é bacharel em Administração e Ciências Contábeis. Contato: cesar.freitas@ifpr.edu.br |