Entre o jogo da verdade e da mentira, todos nós queremos levar a “vantagem”?! Na discussão com os amigos a nossa intenção geralmente é ter a verdade, a razão. Não gostamos de forma alguma de ser chamados de mentirosos. No seu íntimo, cada um de nós tem a sua verdade.
Existe, hoje em dia, uma grande tensão entre o certo e o errado, entre a verdade e a mentira. Seguidamente as pessoas não conseguem distinguir entre o falso e o verdadeiro. Especialmente em épocas de campanha política, esta tensão entre verdade e mentira se faz sentir de forma mais acentuada. A maioria do eleitorado fica indecisa em quem votar e só descobre a falsidade quando já é tarde demais.
Conta uma parábola de origem judaica que a Mentira e a Verdade, em um dia de sol, saíram a caminhar no campo. E resolveram banhar-se nas águas de um rio que se apresentava muito convidativo. Cada uma tirou a sua roupa e caíram na água. Mas, a um dado momento, a Mentira aproveitou-se da distração da Verdade, saiu da água e vestiu as roupas da Verdade. Quando esta saiu da água, negou-se a usar as vestes da Mentira. Saiu nua a perseguir a Mentira. As pessoas que as viam passar acolhiam a Mentira com as vestes da Verdade, mas proferiam impropérios e condenações contra a atitude despudorada da Verdade. Moral: as pessoas estão mais dispostas a aprovar a Mentira com vestes de Verdade do que enfrentar a Verdade nua e crua.
A mentira e a falsidade não promovem vida, mas a morte. Portanto, mentira é tudo aquilo que gera a morte. Mentira é o desamor que produza morte. Produz fome, miséria, violência e guerra. A mentira mais cruel e perigosa é aquela que passa por verdade, através dos meios de comunicação.
Nos Atos dos Apóstolos podemos ler o episódio de Ananias e Safira, que ilustra a nossa reflexão. Enquanto que as demais pessoas se dedicavam carregando o onus social, doando suas últimas economias, o casal sonegava sua oferta. Ao mesmo tempo em que eles queriam participar da socialização dos bens da comunidade, também privatizavam, guardavam de forma ilícita. O texto bíblico conclui que ambos tiveram um triste e trágico final, a morte.
Alguém disse uma vez que a história é cíclica; que os fatos bíblicos narrados, de certa forma, ainda hoje acontecem, nos mesmos moldes. É só observarmos algumas profissões liberais que tiram o último “níquel,” não para servir, mas para enriquecer.
É possível este antagonismo tão grande em nossa sociedade? Sabemos que a verdade não pode ser irmã e nem prima da falsidade, pois ambas possuem objetivos diferentes.
Que tipo de verdade está semeada em nosso coração? Ela tem a finalidade de promover a vida, assim como Jesus Cristo? Essa verdade deveria permitir espaço para que as necessidades básicas do meu próximo, como: pão, moradia, salário justo e aceitação, fossem supridas. Jesus nos alerta para não “acumular tesouros, onde traças e ladrões roubam” (Mt 6.19-21). O amor cristão deve nos levar a repartir ao invés de reter, socializar ao invés de acumular. Amém.