Certamente você já passou por uma experiência que resultou em uma ferida física, seja o joelho ralado, ou uma topada durante a infância, ou aquele corte na mão. Em sua maioria, quando acontece isso, além da dor, percebe-se também o ferimento. Logo recorremos a um antisséptico, uma pomada, um remédio para sanar a dor. Enfim, vamos em busca de um recurso mais rápido para que tal ferida ou dor sejam amenizadas. Mas e quando situações na vida que geram feridas, e acabam marcando nosso interior? Quando não há sangue para denunciar a presença do machucado? Quando a pústula não é visível?
Algumas vezes sentimos dores que aparentemente não são explicáveis, e que só nós sabemos, e que também precisam ser tratadas e curadas. Isso chamamos de feridas emocionais que doem na alma. Pessoas que foram feridas aparentemente na carne, mas que foram afetadas violentamente seu interior, onde permanece a dor. Pessoas que foram vitimizadas sem culpa, ou ainda que tivessem culpa, diante de uma circunstância. Foram insultadas, se sentiram desprezadas, ignoradas. Sofreram pressões psicológicas e humilhações. Ouviram palavras e insinuações que lhe deixaram tristes, angustiadas, magoadas e ressentidas. Momentos em que se sentiram psicologicamente abaladas, ao vivenciarem resposta a uma determinada situação. Neste caso, o que quero tratar aqui, são feridas e sentimentos do passado, que afetam seu estado psicológico e trazem consigo marcas que ainda permanecem no seu interior, e que até hoje lhes causam muitas dores no momento presente. São machucaduras e muitos traumas, ligados ao seu sentimento que ainda abalam sua estrutura física e seu estado emocional.
Inúmeras são as pessoas que trazem as cicatrizes e/ou as lembranças: “eu vivi isso na pele”, dizem. Elas ainda sentem a dores internas e intensas, essas pessoas são tomadas pela ansiedade dessa nostalgia, poucas conseguem se realizar na vida. Cicatrizes que não se apagam, mas permanecem, gerando constantes transtornos. Como terapeuta cristão, algumas vezes trato isso como doença da alma, pois afeta também nossas emoções como já mencionado acima. Sintomas psicossomáticos, que geram ansiedade, medo, pânico e aflições, podendo ainda trazer outras séries de doenças físicas. Em algumas pessoas as vezes de forma ilusória, lembranças de algo que não pode ser concluído, de maneira que ela achava que deveria. Erros do passado que não houve acerto, confissão, desapego; enfim outras séries que vezes vem à lembrança. Assim muitos vivem com cicatrizes que não se apagam, mas que permanecem.
Roberto Cosme dos Santos é sociólogo e teólogo com especialização e psicologia pastoral, terapeuta, membro da Academia de Letras do Oeste do Paraná. contatorobertosantos@outlook.com |