O evento da Ascensão do Senhor, fase conclusiva da experiência terrena do Ressuscitado, realiza e ilumina a obra inteira da salvação de Cristo. O Cristo morto e ressuscitado retorna ao Pai e leva consigo nossa humanidade. Para vir até nós, Deus envia seu Espírito e sua Palavra. Para nos levar até Ele, o próprio Deus se “encarnou”, entrou na história humana. Por isso o mistério da Ascensão foi anunciado no mistério da Encarnação: “ninguém jamais subiu ao céu, se o Filho do Homem que desceu do céu (Jo 3,13).
A Solenidade da Ascensão do Senhor assinala que os discípulos reconhecem que Cristo já não está presente fisicamente entre eles. Ele os acompanha através do seu Espírito. A mensagem evangélica a ser difundida no mundo é confiada aos discípulos. Eles são enviados através de um mandato: “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). O convite dirigido por Jesus aos seus discípulos e relatado no final do Evangelho de Marcos não poderia ser mais claro. No final dos 40 dias passados com os discípulos depois da ressurreição, o Mestre reitera a confiança com que se dirigiu a cada um deles no início de toda a história, quando “nomeou doze deles – aos quais chamou apóstolos – estar com Ele e enviá-los a pregar” (Mc 3,14-15).
Agora os discípulos estão prontos, só falta o Espírito Santo que, depois de alguns dias, no Domingo de Pentecostes, lhes dará coragem para enfrentar a emocionante experiência da missão evangélica. O mesmo mandato continua a ser dado aos discípulos de hoje, que mesmo se sentindo incapazes, aceitam a missão de anunciar a obra de salvação de Jesus.
A evangelização não diz respeito apenas a quem é chamado a desempenhar o papel de pastor na Igreja. Cada batizado recebe, precisamente no momento do batismo, um chamado explícito para ser apóstolo, enviado para levar a luz do Evangelho a todas as esferas da terra: A vocação cristã é por sua natureza também uma vocação ao apostolado. E a luz acesa no batismo, no coração de cada um de nós, continua a brilhar na nossa vida, apesar e através dos nossos erros. A evangelização é confiada a pessoas normais, cheias de defeitos bem conhecidas por Deus, que, no entanto, vê, em cada um, um apóstolo digno de toda a confiança do Pai. “Os santos – ensina o Papa Francisco – não são super-homens, nem nasceram perfeitos. Eles são como nós, como cada um de nós, são pessoas que, antes de chegar à glória do céu, viveram uma vida normal, com alegrias e tristezas, dificuldades e esperanças”.
Os discípulos não permaneceram em Jerusalém, paralisados pela memória e pela nostalgia do Mestre. Tornaram-se responsáveis pelo Evangelho no mundo e partiram, com espírito de livre fidelidade e criatividade apostólica, sentindo que o Senhor estava sempre presente, mesmo que de outra forma. Esta é a Igreja, a comunidade de discípulos que se encarrega do Evangelho no mundo. Cada um de nós faz parte desta Igreja missionária e tem a sua parte de responsabilidade na missão recebida de Jesus.
“Inteligência artificial e sabedoria do coração: por uma comunicação plenamente humana”. Este é o tema escolhido pelo Papa Francisco para a celebração do 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais. “A comunicação deve ser orientada para uma vida mais plena da pessoa humana”.
Que Maria, a mãe de Jesus, interceda por todas as mães e estenda seu manto protetor sobre elas, infundindo com seu exemplo, muita coragem e alegria.
Dom João Carlos Seneme, css Bispo de Toledo |