Por Roberto Motta
Eu sigo o Elon Musk no X, o antigo Twitter. Na última vez que eu conferi seu perfil ele tinha 180 milhões de seguidores. Isso é quase a população do Brasil.
Elon é um cara de muitos talentos. É uma espécie de Barão de Mauá americano, ou uma versão moderna de Thomas Edson, o grande inventor. Talvez fosse melhor dizer que Elon é uma nova versão do genial cientista Nikola Tesla – afinal, Tesla é o nome da empresa de carros elétricos que Elon Musk comprou e agora gerencia.
Eis um paradoxo: só por seu trabalho de reinventar o carro elétrico, Elon Musk deveria ser idolatrado pelos “progressistas”. Afinal, o credo progressista prega o abandono dos combustíveis fósseis, principalmente o petróleo. Os carros da Tesla são a melhor alternativa já criada até hoje para libertar a humanidade da gasolina. Por que então Musk não é um ídolo da esquerda? Por que não fabricam camisetas com seu rosto, como fazem com Che Guevara?
A resposta é simples: porque Elon Musk não se rende à pauta marxista/socialista/progressista. Ele é uma exceção em um mundo corporativo dominado pelo tal ESG, no qual bilionários e CEOs repetem slogans produzidos por “intelectuais” marxistas e disseminados pela grande mídia e pelos departamentos de marketing de praticamente todas as grandes empresas.
Por que Elon Musk quebrou esse consenso? Essa pergunta precisa de um livro para ser respondida. Mas há muito tempo ele dá os sinais dessa rebelião. Talvez o ponto crucial tenha sido quando ele comprou o Twitter e acabou com a censura que os próprios funcionários, majoritariamente de esquerda, faziam nas postagens. Elon Musk ordenou a publicação dos Twitter Files, que mostraram uma cooperação obscena e inconstitucional entre funcionários do Twitter e autoridades do governo americano. As autoridades, violando a Primeira Emenda da Constituição americana, pediam censura e banimento de usuários – de direita. E eram atendidas.
A reação dos progressistas americanos ao fim da censura foi imediata e maciça. O Twitter foi inundado de postagens pedindo a retirada de Elon Musk da empresa – como se isso fosse possível. Inúmeros ataques foram disparados contra ele nos campos intelectual, moral e até jurídico.
Depois que a censura interna acabou, algumas contas ganharam milhares de usuários de um dia para o outro – uma demonstração de que tinham sido colocadas em shadowban, que é uma espécie de limbo, um estado em que os outros usuários não conseguem achar a suas postagens e nem mesmo sua conta.
Mas nem tudo foi resolvido. Restaram, aqui no Brasil, os banimentos determinados por decisões judiciais. Muitas contas foram bloqueadas. Vários usuários não receberam qualquer aviso ou explicação. Não sabem que infração ou crime cometeram, não sabem que juiz tomou a decisão, não sabem o que devem fazer. Isso é inconstitucional.
Foi contra isso que Elon Musk se insurgiu publicamente em uma série de tuítes nos últimos dias. Os progressistas brasileiros tiveram a mesma reação que os americanos. Assistimos ao patético espetáculo de usuários do Twitter fazendo postagens no próprio Twitter para pedir providências – como sanções ou até prisão – contra o dono do Twitter.
Segundo uma reportagem do jornalista americano Michael Shellenberger, feita em conjunto com os jornalistas brasileiros Eli Vieira e David Ágape, os problemas são ainda maiores. Autoridades brasileiras teriam pedido acesso a informações pessoais de usuários do Twitter sem ordem judicial. Quando o Twitter se recusou a fornecer as informações, foi informado de que todas as outras redes sociais já tinham fornecido informações semelhantes, nas mesmas condições. Esse é um escândalo gigante. Mas esse escândalo não está sendo investigado. Quem passou a ser investigado é Elon Musk. Não se sabe muito bem por quê.
Quer dizer, olhando o histórico de Elon Musk, sabemos sim: ele cometeu o pecado de quebrar o consenso esquerdista que tenta impor uma ditadura “do bem” mundial. Isso acontece desde a Escócia, onde foi recentemente aprovada uma lei que pune com pena de prisão postagens que sejam interpretadas como discurso de ódio, até o Brasil, onde o Congresso não desiste de tentar aprovar uma lei contra “fake news”.
A batalha é global. Até pouco tempo, quem defendia a liberdade estava em desvantagem. Mas agora temos a ajuda do homem que recriou o carro elétrico, inventou o foguete que dá marcha a ré, colocou quatro mil satélites em torno da Terra (para prover acesso universal à internet) e está se preparando para levar a humanidade a Marte.
Ele é também um dos pioneiros da inteligência artificial. Para isso, ele conta com uma base de dados gigantesca: o próprio Twitter. Percebam a ironia no fato de que aqueles que se colocam como os maiores adversários de Elon Musk – e que pedem a sua prisão, falência ou coisa pior – são todos grandes usuários do Twitter, alguns com milhões de seguidores.
Percebam a ironia no fato de que as postagens feitas por essas pessoas alimentam a base de dados em cima da qual Musk aperfeiçoa seu sistema de inteligência artificial.
Para o progressista que se assustou com isso agora, fica aqui a minha sugestão:
Faz o Elon.
Por Roberto Motta