Por diversas vezes escrevi, neste espaço, que meu gênero literário preferido é biografia. Acho interessante conhecer os caminhos seguidos, as vitórias e as derrotas pelas quais passaram os grandes nomes da humanidade.
Uma das autobiografias mais interessantes e fascinantes que li foi a do ex-presidente norte-americano Willian Jefferson Clinton, mais conhecido como Bill Clinton, que governou os Estados Unidos entre 1993 e 2001. Ele possui uma história de vida singular comparada com a maioria dos antecessores e sucessores. Nascido de uma família, não pobre, mas de classe média baixa em uma pequena cidade do interior do Estado do Arkansas, um estado que para os Estados Unidos é o que o Piauí representa para o Brasil. Conseguiu vencer na vida, chegando a governar o seu Estado por doze anos e a Casa Branca por oito.
Seu governo foi responsável por um dos maiores períodos de prosperidade econômica e de várias conquistas nas áreas de educação e saúde. Deve-se registrar sua participação ativa em questões internacionais, buscando incansavelmente a paz no Oriente Médio, na Irlanda do Norte, em Kosovo e outros conflitos. Apesar disto, provavelmente será lembrado por suas ‘relações impróprias” com uma estagiária da Casa Branca, Mônica Lewinsky, escândalo que o levou a sofrer processo de impeachment em 1998.
Na autobiografia citada no início desta coluna, Clinton, comenta a dor e as angústias deste momento onde, apesar de pagar pelos próprios erros, era impiedosamente criticado e julgado, muitas vezes, por pessoas que não tinha a autoridade moral para isso. Ele conta, também, que houve muito apoio e ajuda dos amigos. Um deles o lembrou da seguinte passagem do Evangelho de João:
Jesus estava no monte das Oliveiras e os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério. E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com os dedos na terra. E, insistissem, perguntando-lhe. Jesus então endireitou-se e disse-lhes: “Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela”. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
Quando ouviram isso, redarguidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher.
É sempre importante relembrarmos esta passagem bíblica, pois costumamos ser hipócritas e extremamente severos em nossos julgamentos, muitas vezes jogando pedras mesmo com nossos ‘telhados de vidro’.
Não podemos esquecer que a própria Bíblia nos ensina que seremos julgados com o mesmo rigor com o qual julgamos nossos irmãos e irmãs. Não fazer julgamentos é uma regra importante, especialmente no ambiente de trabalho.
*César Gomes de Freitas, é professor do campus Assis Chateaubriand do Instituto Federal do Paraná. Possui Pós-Doutorado pela Universidade Federal Fluminense, doutorado pelo IOC/Fiocruz, mestrado pela UCDB e é bacharel em Administração e Ciências Contábeis. Contato: cesar.freitas@ifpr.edu.br |