No Evangelho deste domingo, (14/04), os discípulos que iam a Emaús retornam e contam aos outros discípulos o que aconteceu com eles no caminho: como eles reconheceram a presença do Mestre Ressuscitado no momento em que Ele partiu o pão, (Lc 24,35-48).
Desta vez, Jesus se manifesta a todos reunidos no Cenáculo em Jerusalém. Ele os encontra desanimados, com medo e dúvidas; chegam a pensar que se trata de um fantasma! Não podemos julgá-los, a situação os leva a este comportamento. Além disso, eles ainda não fizeram o encontro pessoal com o Ressuscitado; até agora só ouviram falar do que aconteceu. O reconhecimento de Jesus Ressuscitado não se dará mais através do seu rosto, de suas palavras, mas, especialmente, através dos sinais do seu amor: os estigmas (=a marca dos pregos), a partilha do pão, símbolo da Eucaristia. Porém, Jesus não é um fantasma, Ele é real, Ele tem um corpo. Jesus tem consciência da dificuldade dos apóstolos em aceitar esta nova realidade de sua presença. Os apóstolos não conseguem compreender o que significa a ressurreição. Por isso, Jesus se manifesta aos poucos, no contexto da vida deles.
A maior lição que podemos aprender hoje é que Jesus caminha conosco; Ele conhece nossas fraquezas e preocupações diante do mal que nos circunda. Semelhantes aos discípulos, nossa tendência é nos fechar, trancar nossas portas e buscar proteção. Queremos ficar dentro de nossas comunidades, longe das dificuldades do mundo.
O Senhor se aproxima, nos ajuda a enfrentar os medos e nos convida a ser suas testemunhas. Como aos discípulos, suas primeiras palavras manifestam a paz. Quando a amargura e ansiedade querem tomar as nossas forças, Ele nos tranquiliza e nos dá coragem. A paz que Ele traz nos dá vida nova.
Desse encontro nasce a fé no Ressuscitado e Ele confia aos seus discípulos a missão de ir e anunciar: “Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, e lhes disse: ‘Assim está escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia e no seu nome, serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sereis testemunhas de tudo isso’” (Lc 24,45-48). Esta responsabilidade também é nossa e nos foi dada no dia de nosso Batismo: como os apóstolos, depois do dia de Pentecostes, tornaram-se ardentes e corajosos anunciadores da boa-nova de Jesus Cristo, nós devemos continuar esta missão.
Nesse período de Páscoa somos convidados a renovar nossas vidas e de nossas comunidades cristãs. Todo domingo é dia de festa e de alegria. Como aconteceu com os apóstolos, Jesus está no centro da comunidade reunida em seu nome. É ali que renovamos nossas forças. Precisamos deste momento. Vivemos em um mundo que perde o rumo, que é capaz do melhor e do pior e está procurando desesperadamente a direção certa a tomar. É neste mundo que somos enviados para ser testemunhas do amor e da alegria de Deus.
Dom João Carlos Seneme, css Bispo de Toledo |