Se alguém tinha alguma dúvida fora do Brasil sobre o que está acontecendo no Brasil, essa dúvida se encerrou: Alexandre de Moraes é um ditador. Inclusive na Austrália já está circulando a notícia, como se diz no meme, mas dessa vez não é piada. O noticiário australiano, de forma muito ponderada, também tratou do tema – assim como redes de TV, jornais, rádios e sites do mundo todo.
Nos últimos dias, vimos a revelação dos Twitter Files Brazil, feita pelo jornalista americano Michael Schellenberger, em conjunto com os colaboradores da Gazeta do Povo, David Ágape e Eli Vieira Junior. Ali fica demonstrado que muitas pessoas, inclusive eu mesmo, estavam incluídas em uma extensa lista de monitorados pelo Tribunal Superior Eleitoral por seu presidente, Alexandre de Moraes. Sou, inclusive, um dos milhares de brasileiros censurados, algo que a Constituição proíbe.
A entrada de Elon Musk, o dono do antigo Twitter, hoje X, nesta discussão traz esperança para os brasileiros e também uma situação desconfortável para o ditador, o ministro Alexandre de Moraes, e para o seu sócio no autoritarismo, Luiz Inácio Lula da Silva. Traz a desconfortável situação de, ao serem desmascarados, terem de decidir se aos olhos do mundo continuarão sendo vistos como os ditadores e tiranos que são, ou se finalmente voltarão atrás e permitirão ao Brasil, mais uma vez, viver em paz democrática e em liberdade.
É triste que tenhamos chegado a essa situação. É por isso que eu clamo para que a CPI do Abuso de Autoridade seja instalada, pois já tem as 171 assinaturas de parlamentares que se mobilizaram contra a censura, contra o bloqueio de contas e contra a morte de Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão, cujo falecimento ocorreu na cadeia, na Papuda. Como já relatei em outras oportunidades, a morte de Cleriston ocorreu no cárcere porque o ministro Alexandre de Moraes preferiu ignorar, por mais de dois meses, a opinião da Procuradoria-Geral da República que era por sua soltura. Infelizmente, até mesmo uma morte teve que ocorrer para que, finalmente, obtivéssemos, no final do ano passado, as 171 assinaturas. Agora, a responsabilidade de abrir esta CPI para que ela possa começar a trabalhar é do presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira.
É irônico, aliás, hipócrita, que a esquerda reclame do X, do bilionário Elon Musk, mas use os serviços prestados por sua plataforma na rede social para dirigir-lhe tais reclamações. Se não gostam do X ou de Musk, não seria mais coerente deixarem a plataforma? Coerência, porém, não é o forte da esquerda e não tem sido sequer, lamentavelmente, o forte de grande parte da imprensa brasileira. Enquanto muitos jornalistas denunciam as redes como espaço para disseminação de fake news – como se, aliás, só na internet houvesse desinformação –, dão às teorias conspiratórias e fantasiosas criadas pelo governo do PT ampla cobertura. Um exemplo é a fantasia de que Elon Musk e Michael Shellenberger estariam agindo em conluio com uma suposta “extrema-direita” internacional para desestabilizar o governo e atacar a soberania brasileira sem a menor comprovação.
O que vimos, porém, foi uma reação absolutamente espontânea da população brasileira, farta de censura e tirania, em apoio a quem está se dispondo a batalhar junto com ela. Eu mesmo, por exemplo, não sabia da publicação dos Twitter Files Brasil e, muito menos, que eu também seria mencionado pela investigação jornalística. Já o jornalista Michael Schellenberg estava em Porto Alegre para dar uma palestra no Fórum da Liberdade, cuja temática era ambiental, e decidiu ficar no Brasil apenas após a repercussão de seu trabalho por amor à liberdade e à democracia, para defender aquilo em que acredita.
A repercussão, portanto, não se dá por nenhum tipo de coordenação, mas porque a indignação do povo brasileiro transborda há muito tempo. E, também, porque Alexandre de Moraes irritou alguém que não tem medo de uma boa briga quando é justa. Desafiando as acusações de que olharia somente para o lucro de sua empresa, Elon Musk demonstra que, na verdade, não teme as consequências de sua postura. Esta é a postura de quem tem convicção na defesa de princípios. E justamente por não serem brasileiros, Musk e Shellenberger devem servir de inspiração para todos nós, brasileiros, para enfrentarmos com energia redobrada a tirania que se abate sobre nosso país.
Por Marcel van Hattem
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos