Para entender as razões da greve nas Instituições Federais de Ensino é necessário, primeiro, fazer uma breve explicação sobre o que é inflação. Inflação pode ser definida como o processo de perda do poder de compra da moeda. Quando a inflação anual é de 10%, significa que, se você mantiver o mesmo salário do ano anterior, você terá menos 10% de poder de compra. Exemplo: se você tinha um salário de R$1.000,00 no ano X1 e no período de 12 meses a inflação foi de 10%, no ano de X2, se você não tiver reajuste de salário, seu salário nominal continua R$1.000,00, mas o seu salário real será de R$900,00.
Você que trabalha no comércio local e todo ano tem seu salário reajustado em 5%, não considere que recebeu um aumento, você apenas teve uma recomposição salarial para ajudar seus vencimentos às perdas da inflação.
Os servidores públicos federais da educação ficaram sete anos sem recomposição salarial, o que gerou uma perda de mais de 30% no valor real dos seus salários. É verdade que ano passador, o governo concedeu reposição de 9%, porém, ainda há uma perda de aproximadamente 34% para os técnicos e 22% para os docentes.
Além das perdas, os servidores da educação não concordam com a forma não linear com a qual o governo oferece futura reposição as categorias de servidores públicos. Até 2026, o Governo oferece 24% de aumento para o Polícia Federal, 27% para a Polícia Rodoviária Federal, 60% para a Polícia Penal Federal e apenas 9% para os Servidores Federais da Educação, e isso em duas parcelas de 4,5% em 2025 e mais 4,5 em 2026.
Além do menor reajuste dos salários, os Servidores Federais da Educação ainda possuem valores de benefícios muito menores do que os servidores do legislativo e do judiciário.
Todos sabem que a greve, especialmente nas Instituições de ensino, causa transtornos e atrasos no andamento do semestre, porém é um instrumento constitucional (artigo 37 da Constituição), de pressão coletiva e, neste caso, absolutamente legítimo de luta das entidades sindicais.
Reforço que os servidores federais da educação não estão pleiteando aumento de salário, mas apenas e tão somente a reposição das perdas da inflação referente ao longo período em que tal recomposição não foi concedida.
A construção de uma nação desenvolvida passa, inevitavelmente, pela valorização da educação. A criação dos Institutos Federais foi fundamental para iniciarmos uma caminhada neste sentido. Porém, é indispensável valorizar a carreira dos professores, sejam eles municipais, estaduais ou federais), se não aumentando seus vencimentos, pelo menos mantendo seu poder de compra por meio da reposição das perdas causadas pela inflação.
O Brasil do futuro depende da educação. Essa luta é de todos!
*César Gomes de Freitas, é professor do campus Assis Chateaubriand do Instituto Federal do Paraná. Possui Pós-Doutorado pela Universidade Federal Fluminense, doutorado pelo IOC/Fiocruz, mestrado pela UCDB e é bacharel em Administração e Ciências Contábeis. Contato: cesar.freitas@ifpr.edu.br |