Têm sido frequentes as queixas de professores relacionadas às dificuldades em lidar com os comportamentos inadequados dos alunos observados desde tenra idade, crianças entre quatro e cinco anos através de gestos manuais simulam apontar uma arma ao professor, crianças que agridem seus amiguinhos e professores com chutes, empurrões e adolescentes que deferem palavras de baixo calão. Situações que no mínimo impactam emocionalmente e são fontes de sofrimento mental.
Em casa, esses comportamentos não são destoantes dos observados no ambiente escolar.
Mais do que nunca é necessário que crianças desenvolvam a inteligência emocional para que cresçam equilibradas e construam relações saudáveis.
A inteligência emocional nada mais é do que a capacidade de identificar e lidar com os sentimentos que experimentamos ao longo da vida bem como com os das outras pessoas.
A era da jornada de trabalho excessiva e pouco tempo para os filhos induz a inúmeros erros na educação dos pequenos como a falta de imposição de limites e regras. A ausência é compensada pela superproteção.
As consequências serão observadas ao longo do desenvolvimento, crianças que fazem birras em mercados ou lojas para conseguir o brinquedo escolhido, adolescentes tiranos que desacatam horários e ordens dos pais, adultos com pouca ou nenhuma tolerância, capazes de entrar em luta corporal por causa de uma fechada no trânsito.
A missão na construção da inteligência emocional das crianças é prioritariamente dos pais. A escola desempenha papel complementar. Vamos às dicas essenciais nesta jornada. Você pode não ser pai, mas tem um sobrinho, afilhado ou neto.
Começamos pela antiga e atual máxima “os pais são os exemplos”. Os pais são modelos para a criança. Neste caso, falar o que deve ser feito fica em segundo plano, a ação é mais importante para o aprendizado, portanto, cuide com o seu modo de agir, ele representa o modelo de conduta a ser seguido.
Ajude a criança ou seu filho identificar as emoções que esteja sentindo. Quando está irritada porque os pais se negaram a comprar o brinquedo desejado, diga a ela que é frustração o que sente. Incentive a comunicação das emoções, evitando que a criança guarde tudo para si. Pessoas inteligentes emocionalmente são capazes de falar sobre seus sentimentos e resolvê-los ao invés de suprimi-los ou ignorá-los. Não importa se os sentimentos são negativos ou positivos. Deixe seu filho seguro de que poderá falar, você o escutará, sem revelias. Desta forma, será mais fácil que ele compartilhe com você suas conquistas e fracassos.
Observamos a idealização da felicidade extrema nas redes sociais e devemos na educação dos filhos mostrar que temos dias melhores e outros nem tanto, que passaremos por vitórias incríveis, mas, também cairemos. O importante é ser autêntico com os próprios sentimentos, monitorando a pressão das redes pela falsificação da felicidade.
Outra excelente maneira de proporcionar o desenvolvimento das emoções é através das mais variadas expressões de arte, seja através dos esportes ou pintura, dança, teatro, desenvolvendo as habilidades de comunicação e interação. São oportunidades para o enfrentamento dos desafios e frustrações sem a interferência dos pais, levando a construção da resiliência.
Deixe que seu filho tente resolver os problemas em que se envolve, permitindo que se torne o protagonista da própria história.
Silvana Pedro Pinto é psicóloga clínica e educacional. Atende adultos e crianças na Clínica Bambini |