Novos elementos, aspectos e dimensões foram aos poucos se associando e alterando a antiga visão de que desenvolvimento seria possível apenas com o crescimento econômico. Até porque crescimento econômico cria riqueza, mas nunca, por si só promove a sua distribuição, muitas vezes apenas contribui para o aumento da desigualdade social.
Uma das características mais marcantes da sociedade brasileira é a enorme desigualdade de renda e riqueza observada entre sua população. Tal desigualdade é ainda mais acentuada e facilmente notada em alguns municípios da Região Oeste do Paraná.
A Região Oeste do Paraná, por ter sua economia baseada nas atividades primárias, em especial agricultura e pecuária, apresenta grande quantidade de cooperativas agroindustriais, com significativa contribuição socioeconômica em relação à geração de empregos e renda. A característica econômica da Região Oeste do Paraná é ser dependente do agronegócio.
Tal característica torna essa região apta a implantação de projetos de desenvolvimento endógenos. Os resultados de ações convergentes e complementares, com a capacidade de reduzir a dependência e inação do subdesenvolvimento e atraso de comunidades periféricas, promovendo mudanças sociais e no território, “o desenvolvimento local demanda mudanças institucionais que aumentam a governabilidade e governança”, defende o professor André Joyal.
A história e a atual realidade do interior paranaense nos mostram que o desafio de promover o desenvolvimento é dever prioritário de múltiplos agentes e instituições e não se restringe mais apenas à atividade estatal. É missão coletiva, da sociedade, da iniciativa privada e das administrações locais e regionais. Assim poder executivo, legislativo, cooperativas, associações, instituições de ensino e pesquisa e empresas devem se unir em busca de respostas e soluções para nossos problemas.
Por suas virtudes endógenas, o desenvolvimento local tende a, mais facilmente, explicitar e usufruir da grande diversidade que marca nosso imenso país e usá-la em seu favor, por meio da participação política e social que brota da organização dos seus lugares, de seus territórios, contemplando as características e peculiaridades locais, para que sua população comece a ser senhora de seu destino, ou seja, atores protagonistas de seu próprio desenvolvimento.
Sigamos a lição apresentada na famosa canção de Geraldo Vandré: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
*César Gomes de Freitas, é professor do campus Assis Chateaubriand do Instituto Federal do Paraná. Possui Pós-Doutorado pela Universidade Federal Fluminense, doutorado pelo IOC/Fiocruz, mestrado pela UCDB e é bacharel em Administração e Ciências Contábeis. Contato: cesar.freitas@ifpr.edu.br |