Yanomani Yanomami, Yanomami, Yanomami
Tantas vezes quantas mortes te infligirem teus algozes, escreverei teu nome.
Para que ninguém esqueça que tu existes no meio da floresta, tu, povo da Lua, povo de Omami,Yanomami, Yanomami
Escreverei teu nome nos jornais, nos muros das casas dos barões, nas portas das igrejas, nos pára-lamas dos carros, nas asas dos aviões, nas pedras dos caminhos, nas areias do mar, em todo lugar.
Que assim teu nome vôe longe, loooooooooonge, e seja canção de luto, de protesto. Que assim teu nome salte as fronteiras da morte e da vida e se torne penhor da tua salvação, oh povo da Lua, oh povo de Omami, Yanomami.
Lágrimas secas não rolam de meus olhos febris. Ainda assim, meu coração chora teus filhos e filhas desaparecidos, tuberculosos, contaminados por vírus, bacilos e mercúrio.
Invasão célere em busca do ouro, o vil metal que tanto mal já causou.
Há cinco séculos vem dizimando milhões, povos e nações inteiras, e para quê, afinal?
Quem pode ajuntar um dia sequer a sua vida mortal?
A cobiça, no entanto é cega, enganadora, solerte, medíocre.
Ela avança no coração e na alma dos garimpeiros, mata a dentro qual cupim em madeira branca, como um câncer sem remédio, habilmente manejada por interesses mais bem situados nas capitais.
Até quando, Senhor, teu povo Yanomami precisará assistir impotente à destruição da floresta, o envenenamento dos rios, à morte lenta de sua gente feliz, até quando, Senhor?
Basta com tudo isto é hora de a verdade e a justiça triunfarem, pelo menos desta vez. “Não quero discursos, promessas, planos, não quero nenhum termo de compromisso. Quero soluções. Meu povo Yanomami pede, implora, exige respostas claras, limpas, honestas, justas, urgentes.
“Não há mais tempo, hora a é agora ou não será jamais”.
Yanomami, Yanomami, Yanomami
Povo da Lua, Povo de Omami, Yanomami.
José Pardinho Souza* Filósofo e Teólogo – Professor de Filosofia, Antropologia e história Professor da Rede Estadual de educação pardinhporama@gmail.com |