Ontem, 08 de março, celebramos o Dia Internacional da Mulher. A data foi escolhida para homenagear as mulheres porque há 167 anos, no dia 08 de março, cento e vinte e nove operárias de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve e se manifestaram nas ruas, reivindicando melhores condições de trabalho e redução da jornada. Os padrões, não satisfeitos com a atitude, trancaram as trabalhadoras e incendiaram a fábrica.
Hoje, operárias em greve já não são queimadas e a mulher conquista, lentamente, os direitos pelos quais lutou. Por isso, o dia 08 de março, mais que uma homenagem, é um dia para ser lembrado como o início de uma luta por objetivos mais amplos, em que a exigência por justiça social, solidariedade, participação e democracia assume expressão global de trabalhadoras e trabalhadores.
Pesquisa do DIEESE revelam dados interessantes em relação às mulheres e o mercado de trabalho. Em 2023 o Brasil contava com 90,6 milhões de mulheres com 14 anos ou mais, das quais 47,8 milhões faziam parte da força de trabalho.
No Brasil, 39,9% das mulheres ocupadas ganham até um salário mínimo. Em um exemplo claro da diferença entre os rendimentos entre homens e mulheres, as mulheres têm rendimentos, em média, 27% menor que os homens. O rendimento médio mensal dos homens foi de R$3.233,00 contra R$2.652,00 das mulheres. Creio que os números falam por si, sendo dispensável comentar sobre a desigualdade de gênero em relação à remuneração.
Dados de 2022 demonstram que as mulheres dedicaram mais de 925 horas aos afazeres domésticos, cerca de 354 horas (15 dias) a mais que os homens. As mulheres, em sua imensa maioria, ainda precisam realizar um terceiro turno de trabalho para cuidar da limpeza da casa e das roupas, sem falar dos cuidados dos filhos pequenos.
Dois outros dados importantes são em relação ao percentual de mulheres atuando na informalidade, 37,5%, e daquelas sem proteção previdenciária, 36,2%.
Além de ocuparem um percentual muito menor de cargos de direção e gerência, quando ocupam tais cargos as mulheres, novamente, aparecem com salários menores. Em tais cargos os homens ganham em média R$9.183,00 e as mulheres R$6.672,00.
No setor público, já existem leis que proíbem diferenças de vencimentos quando homens e mulheres ocupam a mesma função. Porém, no setor privado, como os dados apresentados acima demonstram, ainda se precisa avançar muito.
Que a celebração de mais um 08 de março possa servir de reflexão, mas também, como indutor de ações que posam contribuir com condições igualitárias entre colaboradores, independentemente do gênero ao qual pertençam.
*César Gomes de Freitas, é professor do campus Assis Chateaubriand do Instituto Federal do Paraná. Possui Pós-Doutorado pela Universidade Federal Fluminense, doutorado pelo IOC/Fiocruz, mestrado pela UCDB e é bacharel em Administração e Ciências Contábeis. Contato: cesar.freitas@ifpr.edu.br |