O Brasil possui cinco mil quinhentos e setenta municípios. Dadas as dimensões continentais do país, existe uma grande diversidade entre eles, cada um com suas características, peculiaridades, potencialidades e, consequentemente, um nível de desenvolvimento socioeconômico.
Tais dessemelhanças entre as características, peculiaridades e potencialidades torna impossível a execução de um projeto único de desenvolvimento. Havendo, assim, a necessidade de projetos específicos para cada região, município, comunidades e localidades. A consciência da necessidade de projetos específicos para cada localidade/comunidade proporcionou o surgimento de diversos conceitos como Desenvolvimento Territorial, Desenvolvimento Regional e Desenvolvimento Local.
O desenvolvimento é um processo de transformação econômica, política e social, por meio do qual o crescimento do padrão de vida da população tende a tornar-se automático e autônomo. Trata-se de um processo social global, no qual as estruturas econômicas, políticas e sociais sofrem contínuas e profundas transformações. Não tem sentido falar em desenvolvimento apenas econômico, ou apenas político, ou apenas social.
Tal visão é importante uma vez que, durante longo período, muitos confundiram crescimento econômico com desenvolvimento econômico. No entanto, o crescimento econômico é um aspecto do desenvolvimento.
Por essa confusão entre crescimento econômico e desenvolvimento econômico é que, por muito tempo, prevaleceu o consenso de que para o desenvolvimento acontecer era necessário apenas e tão somente investimento em forma de recursos financeiros. Segundo a lógica deste raciocínio, se houvesse abundância de aplicação de recursos financeiros em um lugar o desenvolvimento ocorreria naturalmente. Todavia, a experiência, especialmente a brasileira, contraria essa visão. Ao longo da história do Brasil, o desenvolvimento econômico impulsionado apenas por injeções de capital e paternalismo estatal tem sido atravancado por corrupção, falta de treinamento e outros inúmeros fatores, todos esbarrando em um elemento: a imposição de projetos de cima para baixo. A concepção atual é a de que apenas fatores exógenos, como os recursos financeiros ou tecnológicos, mesmo acompanhados de treinamento e de montagem de campos de produção e de agregação de valor, são insuficientes, frente à importância dos fatores endógenos.
Novos elementos, aspectos e dimensões foram, aos poucos, se associando e alterando a antiga visão de que desenvolvimento econômico seria possível apenas com o crescimento econômico. Até porque crescimento econômico cria riqueza, mas nunca, por si só, promove a sua distribuição, muitas vezes apenas contribui para o aumento da desigualdade social.
O desenvolvimento precisa ser endógeno, de dentro para fora, para respeitar as características locais e contribuir para a redução das desigualdades sociais.
*César Gomes de Freitas, é professor do campus Assis Chateaubriand do Instituto Federal do Paraná. Possui Pós-Doutorado pela Universidade Federal Fluminense, doutorado pelo IOC/Fiocruz, mestrado pela UCDB e é bacharel em Administração e Ciências Contábeis. Contato: cesar.freitas@ifpr.edu.br |