Driblar as finanças é um desafio interminável para muitas pessoas, economizar então, parece algo mais distante ainda. No entanto, há várias armadilhas psicológicas que são verdadeiros obstáculos quando o assunto é economia. É possível mudar seu cenário e começar a poupar.
Os produtos no mercado estão caros, o décimo terceiro já era, o IPVA chegou e logo o material escolar, o IPTU e assim por diante. Desta forma, as contas se seguirão o ano todo. Há os que usam o cartão de crédito como válvula de escape. O dinheiro para o mês acabou, resta apelar para o uso do cartão, isso quando as compras não são realizadas em longas parcelas, o que restringe o saldo para os meses que se seguem.
Os que são mais comedidos conseguem administrar bem o ganho e o consumo. Para equilibrar as contas e ainda poupar, compreenda os mecanismos psicológicos que impulsionam as decisões sobre as compras.
O primeiro deles é fator emocional como determinante da compra. Hoje mesmo ouvi o relato de uma mulher que ao se levantar ficou extremamente insatisfeita com a imagem refletida no espelho o que a motivou ao agendamento de procedimento estético facial. Disse que sequer perguntou o valor. Por fim, foram longas parcelas para quitar o custo. É possível que as parcelas perdurassem por um tempo maior que o efeito do procedimento.
Um dos quais caímos com frequência é o efeito halo. Você economiza além do planejado em um mês e no seguinte decide usar a demanda excedente. Deixou de jantar fora em um dia e no dia seguinte compra uma peça de roupa. A mente entende como uma recompensa.
Ao ganhar um prêmio inesperado, uma quantia de dinheiro em algum tipo de brincadeira, jogo, é possível que você se sinta levado ao comportamento de compra. Nesse caso, o efeito psicológico está em atribuir um valor subjetivo à origem do valor ganho. Quando uma quantia de dinheiro chega a você de uma maneira inesperada ou fácil, você costuma gastá-lo mais rapidamente.
A comparação social é uma armadilha psicológica arriscada. O vizinho comprou um carro novo, a colega de trabalho acaba de voltar de uma incrível viagem e a colega ao lado arrematou parte das roupas recebidas para prova condicional. As reuniões de família são regadas a informações similares, de aquisições e experiências, algumas com as quais você sonha. O contágio é quase inevitável.
Conhecendo as armadilhas psicológicas sobre o consumo e o gasto impulsivo, é possível desligar o automático, ser mais consciente sobre a relação com as compras e porque não, economizar para realizar sonhos e projetos?
É possível guardar mesmo que em pequenas proporções. Domine suas emoções e vieses cognitivos que atuam como seus inimigos. Pense a médio e longo e prazo, seja disciplinado e tenha paciência para a colheita dos frutos.
Silvana Pedro Pinto é psicóloga clínica e educacional. Atende adultos e crianças na Clínica Bambini |