Quem nunca parou para fazer uma autoanálise e lembrou-se de várias ou inúmeras situações na infância que o prejudicou emocionalmente. O pai era bruto e dizia o que não devia, a mãe o comparava com o irmão mais velho, o inteligente. A professora o colocou em situação vexatória na frente da turma. Muitas lembranças causaram feridas emocionais e suas dores são sentidas no momento presente.
Assim surgem vários traumas e conflitos na infância. Isso porque a criança está em formação e não apresenta maturidade suficiente para digerir muitas situações vivenciadas. São incontáveis os casos de adultos que chegam à psicoterapia com queixas de insegurança, menos valia, sentimento de inferioridade e depressão. Quando analisados de forma mais aprofundada, as raízes são encontradas na infância.
Não é possível voltar atrás, lá na fase infantil. Esse adulto com sentimentos e percepções negativas de si deve buscar ajuda para ressignificar o passado. Até chegar nessa fase, os prejuízos podem ser observados pelo caminho, atingindo não somente a si mesmo, mas, deixando reflexos nas relações interpessoais vividas.
Os adultos que podem estar acessando essas informações e são pais, professores, tios, padrinhos, profissionais que convivem com crianças, devem ter plena ciência da responsabilidade em cuidar das crianças com zelo, de forma a estimular o desenvolvimento emocional saudável, portanto, colaborar para o fortalecimento da autoestima.
Bom, você sabe o que é autoestima? Resumidamente, está relacionada à forma como uma pessoa se vê. Pessoas com autoestima elevada sentem-se satisfeitas consigo, com o modo de viver, acreditam nas suas potencialidades e na capacidade de conquistar o que desejam.
Seguem algumas dicas infalíveis para que a missão se torne mais assertiva.
Compartilhe afeto sempre que tiver oportunidade. Demonstre carinho a seu modo, verbalmente, por gestos, da forma que faça mais sentido para você. A criança convicta de que é amada tem menos chances de ter sua autoestima minada.
Há pessoas que acreditam que ao agirem com afetuosidade estão deixando de ensinar, educar. Colocar limites e regras faz parte da demonstração de amor, portanto, seja carinhoso, firme e sensato.
As férias escolares representam uma excelente oportunidade para estar com as crianças, fortalecer os vínculos e a autoestima delas. Aqui, cabe à dica indispensável e essencial, a de tempo de qualidade. Que tal propor atividades diversificadas da rotina? Que tal atender algumas expectativas dos pequenos sobre o que gostariam de fazer? Filtrados os critérios de viabilidade e coerência, desfrute da companhia das crianças e quem sabe a convivência desperte em você a melhor versão da sua criança interior.
Silvana Pedro Pinto é psicóloga clínica e educacional. Atende adultos e crianças na Clínica Bambini |