A festa de domingo (07/01), a Epifania de Nosso Senhor, celebra a manifestação de Jesus a todos os povos. As três leituras deste domingo estimulam a olhar em frente, levantar a cabeça, para buscar novos caminhos, que iluminem a história da humanidade, não obstante as resistências e forças contrárias. A visão de Jerusalém que, envolvida pelas luzes, ilumina o caminho dos povos (primeira leitura), os pagãos chamados a fazer parte da herança dos santos (segunda leitura) e a chegada dos estrangeiros em Jerusalém em busca do Messias (evangelho) são testemunhos de um anúncio que semeia novas esperanças entre as fendas de uma humanidade aprisionada, muitas vezes, no medo e na paralisia.
No Evangelho, através da visita dos magos, Mateus apresenta o tema do acesso de outros povos (magos) à salvação e o perigo da cegueira de quem está perto (judeus): os representantes de Jerusalém manifestam indiferença e ódio em relação ao Messias, enquanto os pagãos, vindos de longe, desejam conhecer e adorar o Messias (cf. Mt 2, 1-12).
Na narração, acompanhamos a confissão de fé e o testemunho dos magos. Seguindo o esplendor da estrela viram com seus próprios olhos o Messias esperado. A busca de Deus nunca será inútil se for realizada com a mesma paixão dos Reis Magos. Atentos aos sinais da chegada do Messias, eles o procuram com esperança até encontrá-lo. Reconhecem nele a “salvação de Deus” e o aceitam como “o Senhor”. A salvação rejeitada pelos habitantes de Jerusalém é um dom para os estrangeiros e pagãos. Deus e sua salvação estão ao alcance de todos os povos que o buscam de coração sincero.
Os presentes oferecidos pelos reis magos revelam o profundo mistério de Cristo: Rei, Deus, Homem. O que eles viram realmente? Eles viram um bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura! Estes homens pagãos que não conhecem a revelação do Antigo Testamento reconhecem o Messias nesta criança e não se escandalizam com sua pobreza e fragilidade. Ao contrário dos doutores da lei e os especialistas das escrituras que não o reconhecem e o rejeitam. É um dos fios condutores do evangelho de Mateus: enquanto os distantes se aproximam, os filhos de Israel correm o risco de ficar fora da salvação.
O encontro com o menino Deus é cheio de alegria e indica um caminho novo a seguir: “os magos sentiram uma alegria muito grande… ajoelharam-se diante dele e o adoraram… retornaram para sua terra seguindo um outro caminho”.
Na pequena procissão dos magos rumo à verdade e à luz, podemos ver a grande procissão da humanidade. Para todos é indispensável a procura, a viagem, o risco. Ao fim da viagem, depois de muitas peripécias e muita escuridão, depois de silêncios e estradas erradas, eis que surge, para todos, Belém. Para quem O procura de coração sincero, Deus se faz encontro (Pe. Adroaldo Palaoro).
A visita dos reis magos nos ensina a buscar continuamente a luz verdadeira que ilumina todo ser humano: Cristo. Não há nenhuma outra luz que pode iluminar a vida em plenitude, porque somente Cristo “tem palavras de vida eterna” (Jo 6,68). O próprio Deus atraiu e apontou os caminhos para os magos e Ele continua a fazer isso conosco hoje: “Fui eu que vos amei primeiro”. Nós, também, como os magos, chegaremos à “casa do Pai” e veremos “o menino com Maria, sua mãe”.
Dom João Carlos Seneme, css Bispo de Toledo |