Como nos comportamos diante de uma notícia? Depende do tipo de novidade que a notícia traz. Mas é impressionante como algumas notícias andam ligeiro. Acho até que a notícia ruim anda mais do que cachorro doido. Mas a notícia boa também corre. Para a notícia correr, não interessa se é boa ou ruim, ela tem que ser extraordinária, tem que ser fantástica. E a notícia que pega agente de surpresa, no fundo, parece que faz bem, pois quem não morre de susto acha que está bom do coração. Numa vida onde quase tudo é rotina, a novidade, quando aparece, lava a alma da gente.
Engraçado é que o Natal é uma notícia destas. É claro, criança nascida em condições subumanas não é novidade. Mas um estrelão brilhando em volta? Anjinhos tocando harpa nas nuves? Isto é de se sair correndo pra contar adiante!
Mais engraçado ainda é que a gente prepara esta novidade-notícia-surpresa do Natal: quatro semanas antes; começa o Advento.
– Na primeira semana a gente se certifica de que há um movimento do ceu para a terra. Deus desce. Não está mais lá em cima. Aí a dúvida tem que ser descartada: a novidade vem. Está na hora de acordar (Romanos 13.11-14).
– Na segunda semana lembra nos que a espera da novidade não é só festa. A novidade que virá também trará julgamento. Na troca do velho pelo novo tem que ter juiz. É porque uns vão poder erguer a cabeça e outros vão ter que se encolher (Salmo 80 – Almeida). Nesta situação não podem faltar o consolo, a esperança e a paciência (Romanos 15.4-13).
– Na terceira semana se esclarece como atuar na situação em que estamos: temos a certeza de que o novo virá, mas não conhecemos o nosso futuro. É um tesouro que está escondido em nossas mãos (Salmo 85 – Almeida), temos que simultaneamente cuidar dele e distribuí-lo.
– Na quarta semana podemos finalmente dar asas à alegria da vitória, pois já “há na mesa algumas flores para a festa que vem depois”. A novidade que virá pode ser vista como “o poderoso rei da glória” (Salmo 24 – Almeida) e o arrependimento pode ser transformado em louvor (Filipenses 4.4-7).
É, o Natal tem que ser preparado, senão o fantástico come a novidade e a surpresa fica por conta do golpe que vem depois.
* Filósofo e Teólogo – professor de filosofia, história e sociologia pardinhorama@gmail.com |