Um homem caminha por uma estrada do interior e topa com um grande rebanho de ovelhas, devidamente acompanhadas de seu pastor. Estaciona o carro, sai e propõe uma aposta ao pastor: “Cem reais contra uma de suas ovelhas se eu acertar o número exato de ovelhas que compõem seu rebanho”.
Como os bichinhos eram muitos, o pastor topa no ato. O homem diz, então, que as ovelhas eram, exatamente, 973. O pastor se espanta com o acerto. O homem apanha um dos animais e está indo embora quando o pastor grita:
“Espera aí, vamos ao dobro ou nada. Se eu acertar com precisão a sua profissão, você me devolve o bicho e me dá os cem reais”.
O homem aceita.
O pastor diz: “Você é administrador financeiro”.
Espantado, o homem pergunta: “Como é que você sabe?”.
E o pastor: “Devolve meu cachorro que eu lhe conto”.
Essa piada eu ouvi nos meus tempos de faculdade em duas versões, a primeira, durante o curso de Ciências Contábeis, tinha como protagonista um contador, e a segunda versão, contada acima, era repetida durante o curso de Administração de Empresas.
Ela retrata a realidade de muitos profissionais, que são extremamente competentes em suas especialidades, mas são um desastre em cultura geral ou outras áreas.
Por estas e outras ser professor em cursos superiores é um grande desafio e uma imensa responsabilidade. Saber que é responsável por parte da formação profissional de uma pessoa, aliás, uma não, dezenas de pessoas, te faz encarar seu ofício não como um simples emprego ou um trabalho qualquer, mas como uma missão, um ministério, um verdadeiro sacerdócio.
Tentamos, por meio de nossos conhecimentos e experiências, contribuir para a construção do capital intelectual de nossos futuros gestores e, de certa forma, contribuir para o futuro de nossa cidade, de nossa região, uma vez que serão eles os nossos futuros líderes. Aqueles que estarão ocupando as posições de comando em nossas empresas e entidades em breve.
E quando digo que o magistério é um desafio e uma responsabilidade, me embaso em pesquisas científicas: “O cientista canadense, Steven Pinker, professor do MIT, mostra que 50% das variações de personalidade têm causas não genéticas. Não mais de 5% da personalidade de uma criança é determinada pela educação que recebeu na infância, ou seja, pelos seus pais. O restante (45%) vem de outras crianças (pares) e do meio em que ela vive. Dessa forma, quanto os professores influenciam na formação de um jovem? Em diversas circunstâncias, mais que os pais. Principalmente na educação profissional, o professor é um educador, um guia, e, muitas vezes, um condutor, um orientador definitivo”.
São bons professores que podem despertar a capacidade de diferenciar uma ovelha de um cachorro, uma decisão correta de uma errada, um acerto de um erro. Realmente um grande desafio e uma imensa responsabilidade.
* César Gomes de Freitas é professor do Campus Assis Chateaubriand do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Possui Pós-Doutorado pela Universidade Federal Fluminense, doutorado pelo IOC/Fiocruz, mestrado pela UCDB e é bacharel em Administração e Ciências Contábeis. Contato: cesar.freitas@ifpr.edu.br |