No início da humanidade era a força bruta que determinava quem eram os poderosos, então ser o mais forte era fundamental. Com a evolução do homem, o poder passou aos que detinham as melhores armas. Pouco depois, o poder passou aos que eram donos das maiores quantidades de terras. Continuando na linha do tempo, o poder foi herdado pelos proprietários do capital. Neste período mandava quem possuía mais dinheiro e dinheiro era sinônimo de poder. Essa fase durou até meados do século passado. Atualmente, as nações mais poderosas do mundo são aquelas que têm domínio sobre a informação e o conhecimento.
É neste cenário que ganha importância estratégica e competitiva o sistema educacional de cada país. Pois, é por meio dele que cada nação poderá preparar seus cidadãos para enfrentar os desafios de um mundo globalizado. O progresso científico e tecnológico exige, de todos nós, cada vez mais informação e conhecimento.
Todavia, é justamente neste ponto fundamental para o crescimento do país que o Brasil é mais carente. O trabalhador brasileiro tem, em média, menos anos de estudo em comparação com os trabalhadores americanos e europeus.
Esse ‘déficit’ educacional causa sérios problemas para nossa sociedade. Um deles são os chamados ‘analfabetos funcionais’, pessoas que sabem escrever seu nome, mas que são incapazes de compreender um texto simples.
E esse é um problema sério, pois, apenas como exemplo, segundo estimativas do Tribunal Superior Eleitoral, mais de um terço dos eleitores brasileiro enquadram-se na categoria dos analfabetos funcionais. São pessoas incapazes de interpretarem as propostas de governo ou as promessas de candidatos, sendo facilmente enganados, manipulados e iludidos.
Pior que não ter acesso à educação e ao conhecimento é tê-lo e não o aproveitar ao máximo. Refiro-me aos estudantes que não levam a sério seus estudos, não aproveitando a oportunidade que nem todos têm em nosso país, ou seja, acesso ao nível superior e bons professores para receber informações, conhecimento e cultura. Requisitos indispensáveis para alcançarem seus objetivos na vida.
Não seria exagero afirmar que a muitos dos nossos jovens estudantes sofre de preguiça intelectual. Uma prova disso é a pequena parcela dos jovens que cultiva o hábito da leitura. Como escreveu Alcino Leite Neto: “A cada vez, lemos menos, sonhamos menos, entendemos menos e nos escravizamos mais”. Parabéns para você, que lê estas mal traçadas linhas, pois está fora deste grupo.
Os dados do PISA, estudo comparativo internacional da educação, publicados na semana passada, apresentou dados preocupantes: 73% dos estudantes brasileiros estão abaixo do nível em matemática. O atual cenário exige de estudantes, professores e autoridades ainda mais esforços para melhorar não só o nosso sistema educacional, mas também a mentalidade de nossas crianças e jovens para que eles possam adquirir a consciência de que o futuro deles e, por consequência, o futuro do Brasil dependem de seus esforços em aprender e buscar o conhecimento.
* César Gomes de Freitas é professor do Campus Assis Chateaubriand do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Possui Pós-Doutorado pela Universidade Federal Fluminense, doutorado pelo IOC/Fiocruz, mestrado pela UCDB e é bacharel em Administração e Ciências Contábeis. Contato: cesar.freitas@ifpr.edu.br |