O texto do Evangelho deste 2º Domingo do Advento (10/12) marca o início do Evangelho de São Marcos, proclamando: “Início do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1,1-8). A boa notícia anunciada é a chegada do próprio Filho de Deus, Jesus Cristo, entre nós. São Marcos destaca a missão de Jesus como o Messias, o escolhido de Deus, enviado para redimir a humanidade. Este fato, que define toda a vida de Jesus, é o “segredo” do Evangelho.
Reconhecer Jesus como Filho de Deus é um ato de fé e é estabelecido no início de sua missão para fundamentar a fé cristã. A certeza de que o menino que vai nascer é o Filho de Deus constitui o cerne da pregação apostólica. O Evangelho busca inspirar nos ouvintes essa adesão de fé: “Ele verdadeiramente era o Filho de Deus”. No Natal, não comemoramos o nascimento de qualquer pessoa, mas a chegada de nosso Salvador, que realiza o eterno plano de amor de Deus para nossa salvação. Esta “boa notícia” circula entre nós, transformando-se em uma mensagem de esperança para toda a humanidade. Assim, celebrar o Natal é acreditar na esperança de um mundo renovado, fundamentado na fé em Deus, que nos criou por amor e cuida de cada um de nós, mostrando-nos sempre o caminho para uma vida nova.
João Batista é apresentado como o precursor, aquele que prepara o caminho para o Senhor e exorta à conversão: “Endireitem seus caminhos”. A descrição de João Batista é desconcertante: “Vestia-se com uma pele de camelo e comia gafanhotos e mel do campo”. Ele proclamava sua insignificância, anunciando que “virá alguém mais forte do que eu”. João é o mensageiro enviado por Deus para preparar a humanidade para a vinda do Messias. A mensagem de João, transmitida tanto por suas palavras quanto por seu estilo de vida, é um apelo vigoroso à transformação de vida e mentalidade, permitindo que a proposta do Messias libertador encontre lugar em nossos corações. João deixa claro que a missão do Messias é comunicar o Espírito que transforma a humanidade.
A lição que podemos extrair de João Batista é que, para sermos testemunhas e evangelizadores de Jesus, não é necessário ter uma teologia elaborada, palavras eloquentes ou raciocínios complexos. É preciso coragem, convicção, experiência de Deus e coerência de vida. O convite é dirigido a todos e neste tempo de esperança, Jesus passa e faz o convite: “Quer ser minha testemunha? Quer me ajudar a anunciar a salvação?” Ninguém pode alegar incapacidade de expressão, pois Ele mesmo nos guiará em cada palavra e nos dará força.
A maior expressão de amor de nosso Deus é revelar que o ser humano pertence a Ele. Por amor, o Senhor assumiu nossa humanidade, permitindo-nos viver na terra a realidade do céu. O caminho está sendo preparado para nos conduzir à comunhão com Deus. Portanto, devemos vigiar, buscar a conversão, mudar mentalidades e comportamentos, e nos preparar para o tão esperado encontro com o Deus-menino. Estamos aguardando a segunda vinda de Jesus e o advento de um novo mundo que Ele trará consigo. A celebração do nascimento de Jesus serve como um indicativo que aponta para o reino definitivo.
Dom João Carlos Seneme, css Bispo de Toledo |