O chamado aquecimento global, que pode ser resumido na estimativa de elevação gradual da temperatura média do planeta, colocando em risco a vida vegetal, animal e humana, muitas vezes nos coloca em dúvida sobre os fundamentos de seus argumentos, ainda mais que os responsáveis pelas previsões catastróficas raramente citam possíveis variações de suas estimativas ou alternativas para a preservação da vida no planeta.
Exemplo disso são as controversas sobre as previsões climáticas. As estimativas sobre chuvas, ventos, ondas de frio, temporais e períodos de calor, entre outros fenômenos naturais, em todas as estações do ano, só são realmente confiáveis, quando limitadas a 48 horas. Quando mais extensos são apenas tendências, pois as ocorrências climáticas dependem da direção e velocidade dos ventos, variação da temperatura e outros fenômenos naturais.
No caso do aquecimento global e suas múltiplas justificativas e consequências, as estimativas de instituições respeitáveis vão de elevações de 1,5ºC a 3ºC – graus -, em todo o planeta, incluindo oceanos e regiões geladas, até o final deste século. De acordo com o Relatório Anual de Lacuna de Emissões 2023, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), da ONU, sobre emissões climáticas, se países mantiverem apenas o que já está sendo feito, diversas regiões de todos os continentes poderão se tornar inabitáveis em menos de 80 anos.
Para reverter esse quadro assustador, as emissões de todos os gases de efeito estufa teriam de ser reduzidas em 42% até 2030 para que houvesse 50% de chances de atingir o limite estabelecido pelo Acordo de Paris, com elevação de 1,5 ºC em relação aos níveis pré-industriais. Isto significa redução dos atuais 57,4 bilhões de toneladas de CO2 para 33 bilhões de toneladas de CO2, no prazo de sete anos.
Para superar este desafio, segundo especialistas, os países ricos teriam de fazer muito mais do que vêm fazendo, já que medidas tomadas até agora não foram suficientes e conduzirão ao aquecimento global de 2,5 ºC a 2,9 ºC até ao final do século. Conforme esse entendimento, nenhum ser humano, animal, espécie vegetal ou atividade econômica do planeta será poupada pelas alterações climáticas. A humanidade, portanto, deveria parar de estabelecer recordes indesejáveis em termos de emissões de gases de efeito estufa, e atingir temperaturas globais máximas e condições climáticas extremas.
A primeira e principal mudança defendida pelos ambientalistas é a redução do consumo de combustíveis fósseis, pois entre as principais causas do aquecimento global está a queima de carvão, petróleo e gás. Por volta de 1850, a concentração de CO2 na atmosfera ainda era de 288 ppm (partes por milhão), mas devido à industrialização aumentou agora para 422 ppm. Como resultado, a temperatura média global já aumentou 1,2 ºC. Na verdade, 2023 teria sido o ano mais quente da Terra em mais de 150 anos.
Conforme o relatório, para cumprir os objetivos climáticos, as emissões de CO2, assim como de metano e óxido nitroso, devem ser reduzidas em 42% ou quase a metade, a fim de se avançar no caminho certo rumo ao 1,5 ºC. Se a expansão da agropecuária agravará a situação, resta esclarecer como o cultivo de vegetais, como lavouras e gramados poderá elevar a emissão de gases, quando se defende exatamente o contrário, ou seja, a extensão de florestas e pastagens.
*O autor é deputado federal pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado E-mail: dilceu.joao@uol.com.br |