No país árabe, presidente exalta potencial de parcerias bilaterais para a consolidação de uma nova matriz energética “que o mundo precisa e o Brasil pode oferecer”
Um casamento entre desenvolvimento social, redução de desigualdades, geração de empregos e transição energética. Uma proposta de parcerias privadas e de Estado para oferecer ao mundo uma matriz mais limpa, renovável e conectada aos desafios atuais. Uma provocação para que empresários árabes e brasileiros sejam mais ousados para construir um novo capítulo da relação bilateral. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou nesta quarta-feira (29/11), na Arábia Saudita, uma mesa redonda voltada a empresários e representantes de governo dos dois países com essas mensagens.
Daqui a dez anos o mundo vai dizer que, se a Arábia Saudita é o país mais importante na produção de petróleo e gás, o Brasil será chamado de a Arábia Saudita da energia verde, renovável. É para isso que estamos trabalhando”
Lula enfatizou os compromissos ambientais do Brasil com uma transição energética limpa e renovável, com a redução do desmatamento na Amazônia até o patamar zero em 2030 e as perspectivas de investimentos e crescimento no Brasil nos próximos anos, em que o país estará sob holofotes internacionais ao receber alguns dos principais eventos, como as cúpulas do G20 e do BRICS, além da COP 30, agendada para 2025 em Belém, no Pará.
“Conto com a Arábia Saudita não só para nos ajudar a organizar o G20, mas para ajudar a organizar a COP 30. São oportunidades para diminuir diferenças culturais entre nós e compartilhar políticas de desenvolvimento e investimento. Daqui a dez anos o mundo vai dizer que, se a Arábia Saudita é o país mais importante na produção de petróleo e gás, o Brasil será chamado de a Arábia Saudita da energia verde, renovável. É para isso que estamos trabalhando”, afirmou.
O presidente ressaltou que o Brasil já tem exemplos a mostrar ao mundo, com uma matriz energética em sua maior parte renovável e avanços significativos em alternativas a combustíveis fósseis e poluentes, como eólica, solar, hidrelétrica, além do potencial do hidrogênio verde.
“Vamos fazer todo o possível para fazer do Brasil o centro do mundo na produção de energia alternativa. Precisamos todos trabalhar com responsabilidade para descarbonizar o planeta para viver de forma mais digna, com melhor qualidade de vida e sem medo de destruir a casa onde moramos”, completou o presidente.
Ele ressaltou que a COP 30 será a oportunidade para o mundo conhecer a Amazônia, não só com todas as suas riquezas minerais e de biodiversidade, mas com o povo que vive na região. “O mundo inteiro fala da floresta, da água doce do Brasil. Pois o mundo vai conhecer de fato o que é a Amazônia. Não apenas os milhões de árvores que vê quando passa de avião. Lá embaixo tem muitos minerais críticos ainda inexplorados. A mais rica biodiversidade do planeta Terra, mas também tem homens e mulheres que precisam sobreviver. São pescadores, ribeirinhos, indígenas, brasileiros que precisam que a Amazônia, além de ser preservada, receba a possibilidade de sobreviver para dar condições de vida digna para as pessoas”.
ARTICULAÇÕES – Durante a visita ao país, o presidente teve a oportunidade de uma reunião bilateral de mais de duas horas com o príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, a quem convidou para uma visita oficial ao Brasil. Ministros e empresários dos dois países também tiveram momentos de troca de experiências e de oportunidades de negócios. A Embraer anunciou três memorandos de entendimento com empresas e o governo saudita no setor aeroespacial.
Ao longo da conversa, Lula enfatizou o potencial da Arábia Saudita, que será uma das novas integrantes do BRICS, no fortalecimento do banco do bloco, o que poderia ajudar a mudar a face dos bancos multilaterais. “Disse ao príncipe herdeiro que a entrada da Arábia Saudita no BRICS pode mudar a faceta dos bancos multilaterais, que podem passar a financiar o desenvolvimento dos países mais pobres sem taxas de juros escorchantes”, disse Lula.
O líder brasileiro aproveitou para enfatizar que a perspectiva da diplomacia e dos acordos traçados em mesas de negociação é sempre mais efetiva na construção de um futuro melhor para a humanidade, em contraponto às guerras que têm não só gerado mortes e destruição, mas trazido consequências econômicas ao planeta.
“Guerras não trazem nada a não ser miséria e morte e a destruição daquilo que com muito sacrifício as pessoas construíram. Nasci na política fazendo diálogo. É mais barato, mais sensato, mais eficaz perder horas numa mesa de negociação do que matar crianças, mulheres, inocentes, homens”, disse o presidente.