Ter pensamentos intrusivos é algo mais comum do que se imagina. Ninguém sai por aí contando para as outras pessoas que frequentemente tem pensamentos que são incongruentes, ou melhor, estranhos ou terríveis.
Nossa mente é extremamente imaginativa e fabrica milhares de pensamentos ao longo do dia que surgem de maneiras diferentes. Podem estar relacionados a reflexões e ideias que produzirão bons frutos ou estranhos que podem causar ansiedade e sofrimento.
São considerados pensamentos intrusivos por emergirem de forma espontânea e aparentam ser difíceis de afastar. Os mais comuns estão ligados a catástrofes: ao passar sobre uma ponte imaginar que irá desabar; os de distorção cognitiva, quando não consegue enxergar a realidade da solução, por exemplo, você pode exagerar o impacto negativo de um evento ou subestimar seu próprio papel na resolução da situação. Outros ainda podem estar relacionados a conteúdos sexuais, agressividade, culpa ou ansiedade.
A grande sacada é compreender que pensamentos são apenas pensamentos, em si, não representam a realidade. Essa forma de enxergar os pensamentos intrusivos indica o caminho mais saudável para o enfrentamento.
Tentar evitar os pensamentos ou negá-los não resolve a situação, mesmo porque, não é possível evitar o surgimento deles. O melhor a fazer é aceitar os pensamentos, acolhendo-os.
Classifique-os exatamente como são, apenas pensamentos.
Confronte seus pensamentos. A imaginar vivenciando coisas absurdas, pare, reflita e se pergunte: Eu realmente sou capaz de fazer isso? Esse pensamento faz sentido para mim? Qual a chance de acontecer numa escala de 0 a 10?
Quanto mais por em prática esta estratégia, mais ela ganhará força. Aos poucos, você irá compreender que nada do que imaginou é real e as chances de efetivamente acontecer são ínfimas.
Normalmente as raízes desses pensamentos estão relacionadas à ansiedade e medos. Há casos, que esses níveis são tão elevados que já estão causando para o indivíduo prejuízos significativos na sua vida e convívio social, uma vez que os indivíduos tendem a se isolar por conta da gravidade dos sintomas. Nesses casos, faz-se indispensável à consulta com profissionais da área da saúde mental. Os pensamentos intrusivos estão presentes em alguns transtornos mentais, como nas fobias, transtorno da ansiedade generalizada, pânico e o transtorno obsessivo compulsivo.
Na maioria dos casos, estratégias simples, como as citadas aqui nesse artigo costumam apresentar excelentes resultados. Podem também ser aliadas a outras práticas também, como a meditação que colabora no controle da ansiedade.
Lembre-se que tudo ganha força na proporção que nós damos. Observe seus pensamentos, a forma que você lida com eles e o grau de importância que você está atribuindo. Concede a eles seu verdadeiro tamanho e importância. Verá sua mente se acalmar.
| Silvana Pedro Pinto é psicóloga, pedagoga, especialista em educação especial, psicopedagogia e neuropsicologia. Atende adultos e crianças na Clínica Bambini |
