O brasileiro costuma ter uma percepção meio depreciativa sobre si mesmo. Temos facilidade para identificar nossos problemas e mazelas e certa dificuldade em reconhecer nossas virtudes e qualidades. Trata-se do chamado ‘complexo de vira-lata’.
Porém, temos muito do que nos orgulhar. São inúmeros os setores e atividades do Brasil que são motivo de orgulho. Hoje vamos tratar de um tema do qual o Brasil é líder e exemplo de competência para o mundo: o ‘Brasil rural’.
O agronegócio brasileiro representa hoje um terço do PIB nacional, gera mais de um terço dos empregos do país e foi responsável por 48% das nossas exportações em 2020. Portanto, é o maior negócio do Brasil, tanto do ponto de vista econômico quanto do ponto de vista social, quando se fala da geração de empregos.
Um exemplo do progresso desse setor pode ser apresentado com um dado importante: nos últimos trinta anos, de 1990 para cá. A área plantada em nosso território teve um crescimento de 28%, a produção, por sua vez, cresceu 113%. Ou seja, a produtividade aumentou quatro vezes mais em relação à área cultivada.
Esses dados demonstram que o agricultor brasileiro investiu em tecnologia, padrões de qualidade e, principalmente, em profissionalização da administração rural. Isso colocou o Brasil em uma situação invejável em relação à sua posição competitiva. Nosso país está entre os maiores exportadores mundiais de soja, carne bovina, carne de frango, açúcar, suco de laranja, tabaco, etanol e café, entre outros produtos.
E não foi apenas na agricultura que ganhamos qualidade e produtividade. Na pecuária também alcançamos avanços extraordinários. Há dez anos, um boi, para ir ao frigorífico, demorava de três anos e meio a quatro anos. Atualmente, vai com dezoito meses, com praticamente o mesmo peso, o que representa uma redução da demanda por área de pasto. Estudos mostram que nos próximos dez anos, 30 milhões de hectares de pastagem serão destinados a agricultura, oferecendo assim, um potencial crescimento. Diferentemente do que acontece no mundo, onde com o aumento da população, o número de hectares per capta disponível só tende a diminuir.
Claro que temos nossos problemas. Poderíamos citar três deles que ilustram os desafios que põem em risco o futuro deste setor: a falta de investimentos (principalmente por parte do governo) em pesquisa, novas tecnologias, e etc; a questão da infraestrutura logística (que é muito séria); e os problemas de mercado (é obvio que não adianta nada aumentar a produção se não houver quem a compre).
Entretanto, o agronegócio tem, no Brasil, um horizonte que não existe em nenhum outro país do mundo: clima, terra, gente, tecnologia e gestão profissional. Condições que poderão elevar nosso país a condição de potência mundial.
* César Gomes de Freitas é professor do Campus Assis Chateaubriand do Instituto Federal do Paraná (IFPR). Possui Pós-Doutorado pela Universidade Federal Fluminense, doutorado pelo IOC/Fiocruz, mestrado pela UCDB e é bacharel em Administração e Ciências Contábeis. Contato: cesar.freitas@ifpr.edu.br |