Com tecnologia israelense, líder brasileira em tilápias dobra a produção de alevinos com menos água.
Produzir peixe demanda água e de qualidade. Preservar as fontes é fundamental para manter a ascensão da piscicultura brasileira, tanto que a sustentabilidade ganha peso em investimentos que visam os processos iniciais da atividade.
No Oeste do Paraná, polo da produção de tilápias no Brasil, a Copacol iniciou a operação da nova UPA (Unidade de Produção de Alevinos) com um sistema inovador, inspirado em uma tecnologia israelense, no Oriente Médio, onde a água doce é extremamente escassa. A Cooperativa está entre as maiores do mundo, conforme o World Cooperative Monitor (Monitor Cooperativo Mundial), também faz parte de outro ranking privilegiado: está entre as dez maiores do Brasil, segundo a Forbes.
Os métodos da estrutura visam reaproveitamento de cada gota usada nos processos, por meio de um tratamento altamente eficiente com filtros, meios de sedimentação e clarificação, voltando aos tanques produtivos. “Esse modelo é moderno e inovador: utiliza menores volumes de água e garante maior biosseguridade do processo. Temos esse compromisso ambiental em nosso valor. Vamos prosseguir com investimentos que garantam melhor qualidade de vida aos produtores, que tem uma atividade rentável e sustentável”, afirma o diretor-presidente da Copacol, Valter Pitol.
A obra com 22 mil m² preza biosseguridade, aliada a economia de água e energia. Foram R$ 60 milhões destinados ao projeto. Os ciclos ocorrem dentro de estufas, com total controle produtivo, em uma área menor – quando comparada aos projetos tradicionais. Além disso, as barreiras são mantidas com rigor de visitantes – e até mesmo dos colaboradores -, tanto na entrada, quanto na saída. O consumo de água é um dos mais baixos: 83 m³, apenas 10% de volume em um sistema tradicional. A água é reutilizada, após passar por filtros, meios de sedimentação e clarificação, voltando aos tanques produtivos.
Com a operação desta nova UPA, a Copacol se torna autossuficiente no fornecimento de alevinos aos produtores, com controle de 100% do banco genético. Por ano serão 50 milhões de alevinos produzidos na estrutura. Ao todo, a cada safra, a Cooperativa vai garantir uma produção de 100 milhões de alevinos – na soma com a produção da UPA em Nova Aurora.
Outro fator importante é a fonte usada no sistema: os poços artesianos abastecem os tanques elevados, reduzindo os riscos de contaminação. O sistema de aeração por ar difuso e aerotube possibilitam baixo consumo de energia na areação da água; mesmo benefício proporcionado pelo Airlift, que recircula 100% da água dos tanques. A estrutura considerada uma das mais modernas no mundo possui automatização no controle de oxigenação e temperatura – tudo monitorado em tempo real. “Esse investimento é motivo de orgulho para todos nós. Gera tecnologia e fornecimento alta qualidade de alevinos para oferecer produtos de excelência e melhorar a rentabilidade do produtor. Com o investimento, a Cooperativa se torna autossuficiente na produção, com sanidade total nos processos”, afirma Irineu Dantes Peron, superintendente de Produção da Copacol.
PIONEIRA NO BRASIL
A obra fica em Quarto Centenário, no Oeste do Paraná. Embora a região tenha água em abundância, a Cooperativa visa implantar métodos inovadores na atividade, demonstrando preocupação com o futuro. A empresa foi a primeira do Brasil a implantar a piscicultura no modelo integrado: 286 famílias cooperadas mantém tanques de engorda na propriedade, recebendo alevino, ração e toda operação logística de despesca por parte da cooperativa. O volume de tilápias processadas ao dia pela Copacol é o maior da América Latina: 190 mil peixes transformados em postas e filés, comercializados no Brasil e no mundo, como Estados Unidos e Japão. Além de todas as licenças de operação, a empresa conta com reconhecimentos importantes: certificação BAP (Best Aquaculture Practices) de boas práticas de aquicultura, na Unidade Industrial de Peixes, bem como a certificação Halal, que possibilita a entrada do produto no Oriente Médio – embora o peixe seja halal para a cultura islâmica, ou seja, lícito para o consumo, os consumidores exigem uma avaliação da procedência da alimentação usada no trato das tilápias. A primeira UPA da Cooperativa fica em Nova Aurora, com capacidade de produção de 50 milhões de alevinos por safra.
INAUGURAÇÃO
A cerimônia de inauguração ocorreu nesta sexta-feira, 20, e contou com a presença de cooperados, colaboradores, Conselho de Administração, Conselho Fiscal e Diretoria Executiva. O diretor-presidente, Valter Pitol, destacou a atuação da Cooperativa ao longo dos 60 anos e o investimento realizado no município de Quarto Centenário, que vai cooperar com o desenvolvimento econômico e social da região.
Estiveram presentes ainda o prefeito de Quarto Centenário, Wilson Akio Abe; o prefeito de Nova Aurora, José Aparecido de Paula e Souza, o Pecinha; o prefeito de Jesuítas, Edicarlos Grizotto de Oliveira; o representante do governo do Estado, João Ricardo Barbosa Rissardo, chefe regional Seab (Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento) em Campo Mourão; e o chefe executivo e fundador da Maf Consultoria, Yedod Snir.
PROCESSOS NA UPA
A primeira etapa ocorre no acasalamento das tilápias/os ovos são coletados nas bocas das fêmeas e passam para a incubação artificial. Dentro de sete dias ocorre a eclosão dos ovos: após o nascimento, as larvas se alimentam do saco vitelino até a formação completa do trato digestório. Quando esse processo termina naturalmente, elas são levadas para a primeira fase de crescimento, em sistema simbiótico (quando as bactérias boas entram em simbiose com o meio), com alimentação de ração farelada. Após 15 dias elas são transferidas para a segunda fase de crescimento, em sistema de recirculação de água, até atingirem o peso para despesca, e serem enviados para as propriedades dos cooperadores. “A nova UPA surgiu com a premissa da biosseguirdade, com conceito de inovação, gerando alta capacidade de suprimentos no processo produtivo. A obra envolve o cuidado desde quem entra na estrutura, com barreiras sanitárias, e controle de cada processo. Isso resulta em melhor performance ao produtor e a segurança de matéria-prima, mesmo com os desafios climáticos”, ressalta Nestor Braun, gerente de Integração Peixes da Copacol.
BANCO GENÉTICO
Durante todo esse processo há ainda o trabalho de pesquisa. No setor de banco genético, os peixes são reproduzidos e classificados. No setor de banco genético, os peixes são reproduzidos e classificados. Após os ciclos de acasalamento, incubação e larvitura, ocorre a alevinagem: as larvas alojadas em hapas – dentro das estufas – quando atingem 30 gramas, são microchipadas, pesadas/medidas e transferidas para as lagoas de ranking, onde são avaliadas em condições semelhantes das propriedades dos cooperados, com aeração, densidade e manejo. Quando chega o ponto de abate, é feita a biometria final. Os peixes são identificados, medidos e sexados, garantindo uma nova seleção genética para futuros acasalamentos. O banco genético conta ainda com o avozeiro onde as tilápias com alto valor genético, sem grau de parentensco, passam a gerar ovos em tanques, que resulta em de futuras matrizes e reprodutores: ao atingirem 350 gramas os peixes machos são separados das fêmeas e transferidos para produção.