A Palavra deste domingo (15/10) nos convidou a a ultrapassar os horizontes estreitos que comumente estabelecemos em nossos projetos, para abraçar as esperanças da humanidade. A revelação bíblica sempre colocou muito perto a escolha de cada um e o bem de toda a humanidade. O Deus que escolheu Israel é o Senhor da história, Deus de todos os povos. Portanto, Deus não pode ficar preso a um povo e sua cultura. Por isso o tema do banquete do Reino que acolhe humanidade inteira e faz da responsabilidade e resposta de cada um a chave de leitura para a vida.
Um rei organizou um banquete para celebrar o casamento de seu filho. Convidou várias pessoas, mas os convidados se recusaram participar da festa, apresentado desculpas sem importância. O rei resolveu, mesmo assim, realizar a festa, que deveria estar cheia de convidados. Determina, então, que fossem trazidos para o banquete aqueles que estivessem pelas “encruzilhadas dos caminhos”. Todos foram convidados maus e bons. E a festa foi realizada.
A parábola dos convidados ao casamento revela duas direções: de um lado, acentua a universalidade da Salvação; de outro lado, mostra como o dom de Deus não acontece de forma espontânea, mas requer de cada um a responsabilidade das próprias escolhas. A festa deve ser realizada. Se há aqueles que recusam os convites, há outros que se dispõem a participar do banquete nupcial. É o que acontece: foram convidados os que estavam nas encruzilhadas da estrada.
Nos textos dos evangelhos acompanhamos Jesus que se relaciona com todos sem distinção. Os líderes de Israel sempre reprovaram o contato de Jesus com os pecadores e os desqualificados que, segundo eles, deveriam ser excluídos da Salvação porque eram impuros. Jesus deixa claro que, na perspectiva de Deus, a seleção não acontece dessa forma e todos têm oportunidade de se sentar à mesa do Reino. O que importa é aceitar ou não o convite de Deus.
Todo domingo, na Celebração Eucarística, Deus prepara um banquete para todos e faz de tudo para nos motivar a participar do sacrifício de Jesus que se torna evento salvador para todos.
“Amigo, como entraste aqui”? Esta pergunta é dirigida a cada um de nós que nos encontramos na grande sala nupcial que é a Igreja, para participar do banquete que é a Eucaristia. É uma oportunidade para entrar dentro de nós mesmos e nos perguntar se estamos vestidos adequadamente para participar das núpcias de Jesus com sua Igreja. A roupa adequada é o coração aberto para acolher Deus que se oferece a nós, é acreditar no amor, na partilha, no serviço, na misericórdia, na vida doada gratuitamente. No banquete de Deus não há lugar para o egoísmo, a arrogância, a injustiça, a acomodação e muito menos a autossuficiência.
A parábola dos convidados à festa revela que no coração de Deus ninguém é excluído. Seu desejo é que a sala esteja repleta de convidados e para isso Ele se empenha pessoalmente. Tudo está preparado. Ele só pede que sejamos intermediários do convite. Cabe a nós, discípulos missionários, levar o seu convite a todos, principalmente aos que estão pelas encruzilhadas dos caminhos.
Senhor, quero testemunhar com a minha vida minha condição de discípulo do Reino, quero empenhar minha vida para levar o teu convite de amor a todos.
Dom João Carlos Seneme, css
Bispo de Toledo