Mesmo com as melhores intenções, muitos pais e mães tropeçam feio na tarefa de educar. A relação entre pais e filhos é desafiante e permeada por receios e conflitos. Não há manuais ou regras pré-estabelecidas, no entanto, há caminhos positivos e outros que podem impactar negativamente a saúde mental das crianças, provocando desde estados de insegurança e inferioridade até o desencadeamento de transtornos mentais.
Experiências negativas podem deixar marcas ao longo da vida de qualquer um. Imagine uma criança sendo humilhada com frequência. É mais fácil imaginarmos que ela possa passar por situações assim na convivência com outras crianças ou adultos que não sejam da família. Sem tapar os olhos, não é incomum que crianças sofram com situações semelhantes dentro de seus lares.
A verdade é que muitos pais extrapolam os limites do que é saudável com as crianças, por exemplo, xingam e as rebaixam com nomes pejorativos. Alguns justificam que o fazem no ardor das discussões, agindo impulsivamente. A maioria, no entanto, faz de forma corriqueira, como se fizesse parte da educação dos filhos. Quando a criança ouve de seus pais que é incompetente, burra, que não faz nada direito, ela se sente um peso para os pais ou ainda que não deveria ter nascido, causando uma marca profunda na formação de sua identidade e minando sua autoestima e autoconfiança.
Como se não bastasse, há outras experiências mais graves do ponto de vista da constituição da personalidade, como situações de agressões e até abusos sexuais, praticados em sua grande maioria no ambiente familiar, por pessoas muito próximas à criança.
A falta de imposição de limites também pode ser uma experiência negativa, dessa forma, também afeta a saúde emocional da criança. Permitir que o filho ou filha seja o reizinho ou a rainhazinha da casa está longe de ser o ideal. Ouvir e compreender o sentido do “não” deve ser fundamental como fator que contribuirá para seu desenvolvimento psíquico saudável.
Outras ações negativas também ecoam sobre o estado emocional dos filhos, como a falta de valorização da opinião delas ou quando os pais assumem posições de autoritarismo.
Educar traz consigo a responsabilidade de amar incondicionalmente, proporcionar à criança um ambiente seguro, onde se sinta amada e aceita, onde possa interagir com outras crianças de forma saudável.
O ambiente familiar deve proporcionar o desenvolvimento da autonomia, identidade, liberdade de expressar os pensamentos e sentimentos, além de estabelecer limites realistas.
Quando os pais reconhecem que as próprias mentes não estão saudáveis, é importante que tomem ações no sentido de busca do equilíbrio e evitem maiores estragos.
Silvana Pedro Pinto é psicóloga, pedagoga, especialista em educação especial, psicopedagogia e neuropsicologia. Atende adultos e crianças na Clínica Bambini